Prólogo

195 21 5
                                    

Los Angeles, 10 de novembro de 2023

Ultimamente, tenho faltado à escola. Minha mãe disse que não devo ligar para a opinião dos outros, mas ela ainda não sabe o que eu passo naquela escola. Ficaria muito triste se soubesse. Portanto, não quero que ela saiba. Fico calada o tempo todo para não deixá-la mal.

São 07:30 da manhã; eu deveria estar na escola, mas a escola informou que hoje não haveria aula devido a um problema de última hora. Isso é ruim para mim? Não, agradeci por não ter que ir para a escola na minha véspera de aniversário. Amanhã completarei 15 anos, e sei o quanto seria agredida com palavras pelos outros. Menos por Carter, minha professora de matemática, uma das melhores e a única que me defendia de todos.

─── Emily, está atrasada para a escola ─── meus pensamentos são interrompidos pela minha mãe que grita da cozinha.

─── Hoje não houve aula. A diretora avisou que teve um problema na escola ─── grito de volta com a porta do quarto um pouco aberta, enquanto estou deitada lendo um livro.

Minha vida se resume a: ler, ir à escola, dormir, assistir filmes, séries e ouvir músicas.

Assisto tantos filmes que fico imaginando: Como deve ser famosa? O que as pessoas fazem com tanta fama?

São essas perguntas e inúmeras outras que percorrem minha cabeça. Daria tudo para ser famosa um dia e ter tudo, ter amigos, e o que mais desejo, viver um romance na adolescência. Leio tantos livros que minhas expectativas aumentam em 20% a cada livro que leio. Onde vou encontrar um garoto como nos livros? Só nos meus sonhos.

─── Filha, desce logo, vem pelo menos tomar seu café. Tenho que ir trabalhar ─── ela fala comigo pela segunda vez.

Fecho o livro que estava lendo, levanto da cama ainda de pijama, abro mais a porta e desço as escadas, vendo minha mãe com um vestido colado em seu corpo, um casaco sobretudo em seus braços, e um salto preto com detalhes vermelhos. Seus cabelos amarrados em um coque que cai perfeitamente destacando seu rosto simétrico e seus olhos azuis claros. Mamãe tem uma genética perfeita, e eu agradeço por ter puxado seus olhos radiantes. Meu pai viaja a trabalho, enquanto minha mãe fica cuidando de mim e trabalhando ao mesmo tempo.

─── Está linda, Sra. Sally! ─── digo no último degrau e o desço, seguindo até o balcão  da cozinha indo para a pia pegar um copo para tomar meu café. A mulher dá um sorriso e continua a procurar algo em sua bolsa.

─── Bom! ─── ela se aproxima, puxa minha cabeça com sua mão e despeja um beijo em minha testa. ─── Se cuida, filha! Volto às 10 horas da noite.

Concordo com a cabeça, ao mesmo tempo que pego um copo na pia, e ela caminha até a porta, mas volta parecendo esquecer de dizer algo.

─── Não esqueça de almoçar. É só esquentar no micro-ondas ─── agora ela definitivamente sai de casa e fecha a porta.

A maioria do tempo fico sozinha, e isso não me dá fome, e ela sabe disso.

Despejo um pouco de suco de laranja no copo e pego um pedaço de bolo de chocolate que foi feito na noite anterior. Amo esse bolo, por isso minha mãe sempre faz, porque sabe que é a única coisa que vou comer quando estiver sozinha.

Não tomo café, não me sinto bem tomando café. Minha mãe chegou a pensar que eu poderia ter alergia ao café, mas eu apenas não gosto muito.

Ψ

Sentada na sala, observo somente a série que estou assistindo. É tão bom e libertador ter a casa em silêncio; posso fazer o que quiser. Quando estou sozinha, tiro tudo do lugar e faço questão de limpar, principalmente quando não tenho nada para fazer e preciso me distrair para não deixar minha mente me dominar.

Pego o controle da TV, mudo o aplicativo colocando no YouTube, onde vou colocar minha Playlist. Assim que coloco na primeira, surge um anúncio. Odeio anúncios, mas assisto a esse que chamou minha atenção. "Percy Jackson e os Olimpianos" irá ser lançado em breve. Já ouvi falar desse livro e sempre quis ler, mas nunca lembro de comprar. Agora o livro está virando uma série. Pulo o anúncio, e a música começa a tocar.

Paper Rings - Taylor Swift

Uma das minhas milhares de músicas preferidas.

Amarro meu cabelo em um coque, deixando apenas algumas mechas castanhas caídas sobre o rosto. Primeiro, arrumo as almofadas do sofá e coloco todas as revistas em seus devidos lugares. Vou à cozinha, pego um pano de limpeza e começo a limpar alguns porta-retratos da estante da televisão, colocando-os novamente em seus lugares.

Sigo para a despensa, pego um aspirador de pó para aspirar todo o pó do tapete branco centralizado no meio da sala. Danço ao som da música enquanto limpo cada canto da casa, só para me distrair, pois tudo foi limpo dois dias atrás.

Algumas horas depois, só lembro de ter deitado no sofá, cansada de limpar o andar de cima e de baixo da casa. Apenas lembro que apaguei.

Ψ

11 horas da noite

─── Emily?

Abro meus olhos devagar ao ouvir a voz da minha mãe um pouco abafada.

─── Emily.

Chama pela segunda vez, e então eu me levanto assustada, vendo-a na minha frente com as mãos apoiadas na cintura, enquanto me encara com um olhar sério. Ainda sonolenta e com os cabelos todos para cima, dou um sorriso forçado em sua direção.

─── Desde que horas está dormindo no sofá? ─── ela pergunta após revirar os olhos e caminhar até a cozinha, tirando algumas coisas das sacolas; ela provavelmente fez compras.

─── Não sei ─── coço a cabeça ─── desde as 3 horas, depois de limpar a casa.

─── Emily ─── ela vem até mim e apoia duas mãos nos meus ombros ─── Estou cansada de ver você sozinha... sabe ─── ela procura palavras ─── solitária.

─── Você quer que eu faça algum esporte, faça amigos e bla, bla, bla ─── falo suas palavras das quais já estou cansada de ouvir.

─── Eu quero que você seja feliz, só isso. Você só vive dormindo, parece até que fica dopada.

─── Só…─── respiro olhando para cima ─── Eu só não gosto de ninguém e quero ficar sozinha.

Ela me olha com um olhar triste, então tira as mãos dos meus ombros e sorri com a boca fechada, um sorriso forçado que ela sempre dá quando algo a deixa triste.

─── Eu comprei algo.

Ela muda de assunto ao ver que o assunto anterior não me faz bem.

─── O que? ─── pergunto curiosa.

─── Fecha os olhos.

Fecho os olhos e apenas ouço ela mexendo em algumas sacolas. Demora um pouco, mas continuo com os olhos fechados.

─── Abre!

Abro meus olhos e vejo um bolo pequeno com detalhes rosas e um nome em cima: "Parabéns, Emily! Feliz 15 anos" e alguns corações espalhados. No topo do bolo tem uma vela que é acendida, e ela começa a cantar parabéns, mas ainda estou em choque, apenas super feliz por estar comemorando o meu 15º aniversário com minha mãe.

─── Parabéns pra você nessa data querida...

Ela continua cantando enquanto eu só mostro um sorriso nos meus lábios feliz. Minha mãe canta alegre, dando pulos de alegria. Meu aniversário seria em alguns minutos, e eu pensei que ela tinha esquecido, mas ela seria a última a me machucar, com toda certeza.

─── Apaga a vela e faz um desejo ─── ela diz com um sorriso radiante em seu rosto, iluminado pela luz amarela da vela.

Fecho meus olhos, penso bem, e então peço:

Deus, me faça a maior estrela que esse mundo já viu...

𝐃𝐄 𝐑𝐄𝐏𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐔𝐌𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐑𝐄𝐋𝐀 || 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐞𝐫 𝐒𝐜𝐨𝐛𝐞𝐥𝐥 Where stories live. Discover now