Amor proibido

132 3 0
                                    

O velho automóvel estava parado em frente a igreja, e depois de trancar tudo, Padre Davi entrou. Logo estava em direção ao vilarejo onde residia a sua tia, passando por estradas de terra, onde precisou fechar os vidros por causa da poeira. Ligou o velho rádio, e sintonizou numa estação local, onde tocava uma música sertaneja antiga, e cantarolou junto. Enquanto acelerava o carro para chegar antes do almoço.

Conseguiu chegar as dez e meia da manhã, e desceu do carro ao lado de uma velha casa, carregando a sua pequena maleta, e cumprintou a sua tia com um longo e caloroso abraço.

Sua tia era uma senhora na casa dos sinquenta anos ela sorriu largamente, os cabelos castanhos claros com alguns fios brancos, a pele clara, com as marcas do tempo impregnadas no rosto. Ela era uma boa pessoa, morava sozinha, pois seu único filho morava fora, e seu marido havia falecido a quase cinco anos.

— Por que esse olhar triste, meu filho? — Ela quis saber, encostada na porta.

Padre Davi a fitou sem entender.

— Não estou triste, tia. Estou cansado. Passei a madrugada em oração.

— Rezar demais faz mal, filho Escute sua tia. — Dona Zélia encarou padre Davi.

— Vou ouvir o seu concelho, tia.

Os dois conversaram mais pouco, até Dona Zélia se lembrar de preparar o almoço, padre Davi a ajudou um pouco na cozinha. E com o almoço pronto os dois fartaram-se.

[...]

Mais tarde, quando estava sozinho novamente, e já havia tirado a batina e tomado um banho, padre Davi deitou-se na cama e pegou o rosário, dedicando-se a rezar o terço, e estava na quinta ave maria quando Rosa surgiu em sua mente de novo, fazendo-o perder a concentração. Ele deixou o rosário de lado e sentou-se na cama, passando a mão pelos cabelos úmidos.

Suspirou, ficando de joelhos, agradeceu a Deus pelo dom da vida, e deu prosseguimento pedindo que o Senhor fortalecesse sua fé, para que ele tivesse ainda mais certeza do que ele escolhera.

Já deitado, fechou os olhos e o sono veio rápido, ele adentrou ao mundo dos sonhos, sonhos com olhos azuis da cor do ceu da cor do oceano. Padre Davi não tinha mais controle sobre o que sonhava, e ele não entendia por que Deus não tirava dele aquilo tudo.

[...]

Do outro lado, estava Rosa, abraçada em seu travesseiro, de olhos fechados, lembrando do rosto dele e das últimas palavras que ouviu saindo da sua boca.

Sem sono ela se levantou e caminhou até a janela e abriu. Encostou o ombro na soleira e olhou para a lua. As estrelas brilhavam belíssimas naquela noite. Fechou brevemente os olhos quando uma brisa mais forte soprou. Ela gostou daquela sensação, por isso, ficou longos minutos daquele jeito.

O tempo passou e Rosa não soube realmente quanto tempo ficou com os olhos fechados sentindo a brisa da noite. Suspirou, tornando a abrir os olhos.

Deu as costas e se afastou da janela, caminhando e voltou a se deitar, fechou os olhos de forma apertada e resolveu levantar uma prece aos céus:

— Senhor eu amo o Davi, eu sei que é errado querer esse amor proibido! Mesmo sabendo que é impossível eu continuo amando ele com todas as minhas forças. Fico por noites acordada pensando como seria estar ao lado dele, fico pensando no seu cheiro, no seu beijo. Eu sei que não posso, sei que não devo, mas passo noites acordada e fico a pensar, nele novamente em meu corpo tocar. É horrível saber que meu amor por ele, só nasceu para sofrer! Senhor, guie meus passos e me dê forças para vencer, pois hoje não consigo me ver vivendo longe dele!

Com lágrimas nos olhos, Rosa Respirou fundo e tentou pegar no sono.

O pecado do padreWhere stories live. Discover now