Por amor

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Na manhã seguinte logo após realizar sua higiene matinal, Rosa foi a passos largos até a paróquia, e encontrou o padre conversando com as crianças que certamente estavam ali para ensaiar a quadrilha.

— Bom dia, padre Ricardo. Eu me atrasei um pouco, me desculpe. — A Jovem falou sorrindo.

— Bom dia menina, Rosa. Fique em paz, filha. Vamos ensaiar a quadrilha, crianças?

— Encontrem seus pares. — Rosa bateu palmas, fazendo-os se mexer.

Tudo seguiu a normalidade, enquanto Rosa e as crianças dançavam, padre Ricardo ficava sentado em uma cadeira no fundo do salão, vistoriando tudo, muito concentrado em cada criança. O padre era muito dedicado aos pequenos.

Em um certo momento, ele se retirou e só quando a dança estava acabando apareceu com um pacote de balinhas, que distribuiu entre as crianças, que ficaram extremamente felizes.

Os pais de algumas crianças apareceram para buscá-los e todos cumprimentavam o padre Ricardo, que recebia muito respeito de todos.

Após todos saírem da igreja, restando ali somente o padre e Rosa, ele disse se aproximando dela.

— Quer comer um pedaço de bolo? — Ele a convidou sorrindo.

— Claro! — Ela concordou.

A jovem se sentou no já conhecido sofá, enquanto ele ia buscar o tão prometido bolo. Ela esperou ansiosamente pela volta dele, sim, pelo bolo, quando ela ouviu a palavra "bolo" chegou a salivar de vontade, seria o tal desejo de grávida?

— Bolo de fuba. Espero que goste. — Padre Ricardo voltou com uma bandeja, com duas xícaras de café e duas fatias de bolo.

— Obrigada. — A jovem bebericou o café. O padre se sentou ao lado dela.

— Então filha, seus pais sabem?

A jovem parou com a xícara no ar.

— Sabem? Como assim, padre?

— Eles não sabem que estás grávida?

— Não padre, eu não estou gráv...

— Não tente me fazer de bobo. Eu sou um homem vivido menina, já vi muitas mulheres grávidas nessa minha vida. No dia que coloquei os olhos em você, já fiquei sabendo.

A jovem abaixou a cabeça.

— Eu... — Rosa não sabia o que dizer ao padre. E começou a chorar.

— Por que está chovendo menina, lhe fizeram algum mal?

— Não, padre.

O padre sabia que Rosa era uma moça solteira, ele estava ciente dos acontecimentos envolvendo a vida da jovem. Exceto que ela e padre Davi viveram uma paixão proibida, trazendo consequências como o fruto que Rosa estava carregando no seu ventre.

— O que houve com você menina Rosa?

— Eu, me entreguei por amor, padre.

— Diga aos seus pais filha, quem é ele, você precisa dizer que está esperando um filho dele. Ele precisa assumir um matrimônio.

— Eu não posso, padre. — A jovem disse com o rosto molhado pelas suas lágrimas.

— Ele é casado? — Perguntou padre Ricardo.

De certa forma, ele era sim casado, casado com a fé, com a devoção de ser um sacerdote de Deus.

Padre Davi anos atrás teve um amigo, João, que caiu em tentação por uma jovem e deixou-se levar pelo pecado, até largar a batina. Ele não queria que lhe acorresse o mesmo. Davi se achava mais forte, e pensava que aquilo que estava passando era apenas um mau momento, nada o tiraria do seu bom caminho. Ele sabia; estava destinado a ser padre pelo resto dos seus dias. Não houve sequer um momento da sua vida que não tenha pensado nisso, o sacerdócio era sua vocação.

— Ele é, ele...Eu não posso. Me desculpa, padre. — Disse a jovem com as duas mãos sobre o rosto.

— Fique calma, filha eu não estou aqui para te julgar... — Disse o padre fazendo um carinho nas costas de Rosa.

— Eu não sei o que fazer, padre. O que vai ser de mim?

— Você terá de contar toda a verdade para o seu pais, filha.

— Eu não posso, eu não posso, padre.

— Rosa, cedo ou mais tarde tudo virá a tona, é impossível esconder uma gravidez para sempre.

O padre estava certo, Rosa não teria como continuar escondendo aquela gravidez, ela teria que dizer aos pais cedo ou tarde.

O pecado do padreWhere stories live. Discover now