CAPÍTULO 03

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   — E-eu... Você...— Começou Landon, sentindo o seu corpo arder de dentro para fora na presença do outro homem (se é que aquilo poderia ser chamado de homem). Mas não era um arder comum, era como se um fogo estivesse preenchendo suas veias, fazendo os pelos da sua nuca se eriçarem e as suas bolas ficarem pesadas.

    — O que tem a gente, garoto? Você, eu... Somos meras peças num xadrez divino. — Mamon brincou, apoiando o peso do corpo em apenas uma das pernas e praticamente devorando Landon com o olhar, umedecendo levemente os lábios com a ponta da língua, ele percebeu que o outro tinha um sotaque puxado, claramente não sendo do mesmo reino que seu filho, Amon. O rapaz engoliu em seco e fitou aqueles lábios carnudos, antes que seu olhar descesse de forma involuntária até a virilha do demônio, que por estar com o peso apoiado em apenas uma das pernas, fez aquele monte presente ali ficar ainda mais evidente.

    Landon se amaldiçoou internamente e desviou o olhar, um tanto irritado consigo mesmo quanto com o demônio por ter caçoado dele e ter fingido falar uma filosofia de merda. O rapaz ruivo cruzou os braços e encarou fixamente um ponto específico já parede à sua esquerda, embora a imagem do demônio tivesse ficado grudada na sua mente. Landon estava tão desconcertado que sequer se preocupava em estar no mesmo lugar em que um DEMÔNIO. Um demônio de verdade!!

     — Você é o Abadom, certo? Vim cobrar uma dívida do meu pai. — Landon disse rapidamente, agradecendo internamente por não ter gaguejado, ainda encarando a parede, embora lançasse rápidos olhares de canto de olhos para o outro, como se olhar por tempo demais fosse perigoso.

     — Abadom? — Perguntou Mamon, um pouco confuso. O demônio então percebeu que havia sido invocado por engano ao olhar para baixo e analisar com um pouco mais de calma as runas das pedras de invocação. Algumas delas eram velhas pra caramba, tão velhas que alguns dos símbolos ficaram deformados e com riscos à mais ou à menos, dando novos significados à eles. O círculo de invocação foi montado na ordem certa, apesar de ser um pouco desajeitado,  mas os símbolos já não estavam mais tão certos assim.

     Era muito fácil invocar o demônio errado quando não se tinha precisão nos símbolos, pois nomes na língua demoníaca poderiam ser bastante parecidos. Amon. Mamon. Abadom. Balam. Ahriman. Paimon... A lista era praticamente infinita.

    — Você invocou o demônio errado, baby. — Mamon riu baixinho, antes de dar um passo para a frente e sair do círculo de pedras.

     — C-como assim? — Landon se espremeu com ainda mais força contra a parede, observando o enorme e pálido demônio se aproximar dele em passos tranquilos, completamente focado nos seus olhos azuis turquesa.

     — Suas runas estão desgastadas demais, pequeno. E além disso, você achou que o círculo de pedrinhas iriam me manter lá dentro? Um pentagrama me manteria, mas aquilo definitivamente não é um pentagrama. — Mamon explicou de forma calma e tranquila, com aquela sua voz extremamente sexual e profunda reverberando pelos ossos do rapaz, que era uns bons quinze centímetros mais baixo que o demônio. Assim que restava apenas um passo entre os dois, o calor sobrenatural que o demônio emanava atingiu Landon em cheio, assim como o cheiro deliciosamente másculo e forte, misturado com o agridoce de puro poder, fazendo ele arfar baixinho e respirar em inspirações curtas, como se isso fosse faze-lo inalar menos daquele bendito cheiro, o que não adiantava muito, pois ele já estava completamente entorpecido com o aroma.

     — Se você não é Abadom, quem é você? — Landon exigiu saber, observando o demônio cruzar a pequena distância que ainda os separavam, colando o seu corpo no do menor, que arfou baixinho e sentiu o seu coração quase sair pela boca.

A SOMBRA DO CORVO (COMPLETO)Where stories live. Discover now