Capítulo 12

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Laços podem ser quebrados, fortalecidos ou criados.

04 de Novembro de 1996, às 11h30
Ala Hospitalar, Hogwarts


Harry olhou bem para o garotinho dormindo.

Ele havia escutado tudo que Scorpius tinha para dizer.

O menino havia ido para "num lugar branco e assustador e depois viu duas moças bonitas", a criança terminou dizendo as palavras que ficariam para sempre em seu coração.

" - Vovó disse, para eu dizer a você que ela e o vovô James te amam e sempre estarão com você papa."

Ele chorou bastante depois.

Pelo amor que nunca recebeu e nunca receberia, mais que existiu.
O amor de seus pais.

Ele sempre terá eles em seu coração, sempre será grato por eles. Mas ainda assim, ele nunca saberá o tamanho amor que seus pais sentiam por ele, fisicamente.

Dumbledore sempre disse que o amor de sua mãe o salvou. E ele acredita nisso. Nunca duvidou.

Mas, mesmo sabendo que ela morreu por ele. Ele não se lembra de como é se sentir amado, ele sabe que foi amado. Ele sabe que seus amigos o amam.

Só que, aquela parte de si, trancada dentro do armário embaixo das escadas, ainda queria ter tido seus pais para protegê-lo do resto do mundo. Aquela pequena parte dele, queria que seus pais tivessem fugido com ele e deixado essa guerra para outras pessoas.

Aquela pequena parte dele, sempre quis que não fosse seus pais que tivessem morrido naquele dia.

Era egoísta de sua parte, ele sabia disso. Mas isso não o impedia de sonhar com uma vida, onde seus pais realmente sobreviveram, onde ele nunca foi o menino-que-sobreviveu, onde ele era só o Harry, filho normal de James e Lily Potter. Onde seu padrinho nunca foi preso e ele pudesse ter conhecido Remus desde sempre.

Onde Peter, tenha morrido na infância ou nunca tivesse nascido, igual a Voldemort. Os dois malditos!

Era pedir demais? Sonhar demais?

Harry suspirou, era tudo irreal. Nada daquilo poderia acontecer agora.

Agora ele podia, tentar, dar o amor que nunca teve para seus dois meninos. Ele tem muito medo de agir de forma brusca ou algo do tipo com os gêmeos, ainda mais quando seu par era um Malfoy, isso não ajudou em nada.

Ele e Malfoy foram criados de formas completamente diferentes. Malfoy era um riquinho mimado como se o mundo fosse seu e sua palavra era ordem a ser seguida, ou algo que chegava muito perto daquilo. E Harry, bem, ele se encolheu, os seus parentes trouxas nunca foram gentis com ele, isso não o matou, mas criou nele um sentimento dentro dele, para sempre tentar se encaixar, ou o vazio de que nada que ele fizer vale a pena.

Assim eram os Dursley com ele.

Era como se ele não existisse e quando existia, não era muito bom.

Ele nunca vai querer esse sentimento para ninguém, talvez para Voldemort e o rato traidor.

Se levantando, ele saiu da ala hospitalar e foi para seus aposentos. Nos últimos dias, semanas, ele quase não usou o local.

Ele foi para algumas aulas, Hermione e Ron trouxeram para ele seus deveres e ele fez todos e os entregou, e com o restante de seus dias, ele focou toda a sua energia em curar Scorpius.

Agora, sua rotina voltaria a ser como antes desse acidente, talvez um pouco melhor agora com Malfoy e ele se evitando ao máximo e mantendo o mínimo de contato, ele poderá ter um pouco de paz.

(RE)ConstruçãoWhere stories live. Discover now