O Prisioneiro de Azkaban: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 3)

Capítulo 21

Os dias se seguiram de certa forma muito rapidamente, principalmente depois que Harry, Ron e Hermione se reconciliaram. Parte da tensão se dissipou, mas Harry continuava olhando para Regulus meio desconfiado, todo o semi embate que eles tiveram por causa do pergaminho idiota semanas atrás não melhorou a situação.

Não que ele se culpe por isso, na verdade provavelmente ele estaria se comportando da mesma forma se estivesse no lugar do garoto de treze anos, o fato dele já ser desconfiado por nascença é apenas um detalhe.

Quanto a Sirius, nada foi encontrado, nenhuma pista, nem sombra do idiota fugitivo e isso deixava o humor de Regulus pior.

Veja, a escola já não é muito tranquila e segura por si só — um bando de adolescentes e crianças com magia e conhecendo azarações —, fora claro perigos externos como a ameaça de Voldemort, dementadores e lobisomens. Ter um fugitivo que também é um assassino não deixava nada melhor.

E pensar que no começo do ano Regulus achou que nada seria pior do que o basilisco do ano anterior, mas é de Sirius que estamos falando e ele é imprevisível.

Agora o ano estava chegando ao fim, a semana de prova terminou hoje e em menos de uma semana as crianças estariam partindo para as férias de verão e ele teria talvez um pouco de paz. Não que ele acreditasse nessa parte, mas a esperança é a última que morre.

Regulus olhou para o relógio na parede acima da porta, os ponteiros indicando que faltava menos de uma hora para o por do sol. Seus olhos seguiram para o caldeirão na mesa do canto enquanto seus dedos começaram a batucar a madeira escura do tampo de sua mesa.

Ele não confiava completamente em Remus Lupin, na verdade ele não confia completamente em ninguém, mas Remus tem uma enorme ligação com Sirius Black, e ironicamente no mesmo ano que o lobisomem começa a trabalhar em Hogwarts, Sirius foge da prisão e invade a escola. Sim, ele não confia em Lupin.

Mas ele é adulto o suficiente para admitir que o homem é uma boa pessoa em algum nível, talvez tudo seja mentira, se for Lupin é mentiroso melhor do que Dumbledore.

Irresponsável com sua condição de licantropia, porém ele nunca se mostrou ser.

A poção Mata Cão não é só uma poção de difícil preparo, com ingredientes raros e caros que revolucionou o mundo — ao menos teria se fosse acessível ao seu publico alvo — ao amenizar gritantemente os efeitos das transformações em lobisomem. Ela também pode dar errado de diversas formas e perder seu efeitos.

A poção tem um gosto nojento — palavras de Remus, quando Regulus o perguntou — o qual não se pode amenizar com açúcar, porque isso acabaria com todo o efeito. Ele também deveria ser tomado por exatamente sete dias antes da lua cheia, se perder um único dia, bye bye qualquer efeito, seja o primeiro ou o último dia. Você lobisomem tomou seis dias, mas perdeu no último dia? Se prepare para toda dor e agonia da transformação.

Os efeitos da poção não se resumem em aliviar as dores e agonia de ter seus ossos quebrados e rearranjados dentro de sua pele, mas também faz com que a mente da pessoa limpa, deixando o com mais controle dos atos do 'lobo' do que teria sem a poção.

Visto tudo isso, o fato de Remus Lupin, o babaca responsável da grifinória, ainda não ter passado por ali para tomar sua última dose antes da lua cheia, deixa Regulus muito mais desconfiado.

Ele poderia ignorar e deixar Lupin arcar com as consequências de seus atos? Claro que sim, e alguns anos atrás ele talvez o fizesse, mas ele já tem mais de trinta anos e sinceramente não vai lidar com outro grifinório fazendo merda esse ano.

Regulus se levanta de sua cadeira e caminha até onde a poção de cheiro questionável borbulhava ainda quente e serve em uma taça limpa que fica perto de sua jarra de água. Ele reclamará muito no ouvido de Lupin por fazê-lo subir todas aquelas escadas até o escritório do outro professor.