O Prisioneiro de Azkaban: Regulus Black, O Mestre de Poções (Livro 3)

Capítulo 27

Harry sente que sua cabeça pode explodir a qualquer momento, de alguma forma sempre nos últimos dias de aula as coisas começam a se acumular até cair como um castelo de cartas que acaba com ele na enfermaria.

Felizmente esse ano ele não estava ferido, uma ou duas escoriações por ter que enfrentar uma árvore meio violenta, mas perto do que o salgueiro lutador é capaz de fazer — vide carro do sr. Weasley no ano passado — Harry estava muito bem. Pelo menos por fora.

Ter que explicar para os outros garotos que dividiam o dormitório com ele o porque Ron passaria a noite na enfermaria e porque eles perderam o jantar, ele mentiu descaradamente e realmente nenhum dos três pareceu perceber.

— Não seria fim do ano se Weasley não acabasse na enfermaria — Seamus comentou dando de ombro.

Harry ficou bravo, ele estavam falando do seu melhor amigo, mas novamente isso aconteceu nos últimos dois anos também e meio que virou uma rotina, assim como algo perigoso sempre acontecendo no Halloween.

Ele também estava tão cansado, como se seu corpo pesasse meia tonelada, seus olhos doem de ficar aberto e ainda assim seu cérebro apena não para de repassar o que aconteceu.

Harry tentou dormir, mas ele apenas apagou algumas vezes, acordando sobressaltado com a sensação de que alguém o estava vigiando. Quando ele fecha os olhos a imagem do homem que matou seus pais volta uma e outra vez, Voldemort e Pettigrew, e seu cérebro apenas não consegue entender que ele está seguro.

Sua vida toda foi uma mentira atrás da outra desde que ele consegue se lembrar. Primeiro teve seu tios o chamando de aberração, dizendo como seu pai era um desempregado inútil e como ele e sua mãe morreram em um acidente de carro porque ele estava bêbado, ele ouviu isso por anos para descobrir que nada era verdade, nem uma única palavra. Seus pais não eram bêbados desempregados e inúteis eles eram bruxos poderosos e respeitados que se sacrificaram para salvar sua vida.

Então vieram as mentiras contra ele, como quando a Câmara Secreta foi aberta e as pessoas realmente pensaram que ele poderia fazer uma coisa dessa, que ele poderia tentar matar pessoas e por que? Pureza de sangue? Ele é um mestiço de qualquer forma.

Ele estava sozinho no mundo, sem família a qual se apoiar, Harry percebeu isso cedo morando com os Dursley para descobrir, meses atrás, que ele tinha um padrinho. Um homem tão próximo aos seus pais que eles confiaram suas vidas a ele, e esse homem traiu a todos e se tornou parte da razão pelo qual Harry cresceu sendo espancado, ofendido e desprezado. E novamente toda essa merda era mentira.

Sirius não traiu seus pais, ele não era mal, mas continua pagando pelos erros de outra pessoa.

Harry as vezes quer desaparecer apenas para se livrar de toda a dor e aquela escuridão que as vezes surge dentro de sua mente. Aquela que desde que ele entrou em Hogwarts diz que foi culpa dele seus pais terem morrido, que talvez o mundo seja melhor sem ele, mas então ele abre os olhos e vê Hermione e Ron ali com ele, e percebe que há realmente pessoas que parecem gostar dele, que ele pode ter amigos, que família não é só sangue e que ele pode ser feliz.

E Harry quase estragou isso, suas brigas idiotas com Hermione por razões que no fim ele estava errado. Ron quase morreu no primeiro ano deles tentando o ajudar a impedir que Voldemort pegasse a Pedra Filosofal, Gina quase morreu no ano passado por causa de Voldemort. Todos ao seu redor parecem estar sempre em perigo e isso o faz se sentir culpado.

Mas ele não estava sozinho, Harry sabe disso, seus amigos estão ali para ele, assim como Hagrid, o profº Black, Dumbledore e os Weasley, e agora o profº Lupin e Sirius. Harry não estava mais a mercê do mundo, ele tinha pessoas que estavam lá para ele.