Cinco

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Tóquio, 02 de janeiro

          A feição de Reiko era serena deitada sobre a cama agora que dormia outra vez com o efeito do remédio. Taehyung estava sentado ao seu lado no colchão e sentia algo desconfortável em sua garganta enquanto olhava-a, uma sensação que apertava sua traquéia e tornava difícil até para que falasse alguma coisa. Não que tivesse muito a ser dito. Ele se sentia sem voz e sem palavras, desejando apenas que a dor de Reiko fosse sua.

Ela acordou a todos uma hora atrás, gritando em meio a um sonho que parecia estar sendo experimentado por ela como uma realidade. E no momento em que Taehyung entendeu com quem sonhava, sentiu-se quase perturbado. Não era comum que ela se lembrasse de Dong-Yu e era ainda mais estranho que isso acontecesse tão de repente e sem nenhum gatilho.

Foi o que ele pensou. No entanto, quando Takeshi foi capaz de puxá-la para a realidade, os olhos dela foram em sua direção de imediato.

Então ela sorriu, ergueu os braços e chamou por ele.

— Haru, venha aqui. Mama quer te desejar feliz aniversário.

A cor sumiu de seu rosto. Aquela não era a primeira vez que sua mãe meio que se desconectava da realidade e o confundia com seu irmão, mas nunca sabia como reagir quando acontecia.

Ele e Haru sempre foram gêmeos muito parecidos e por isso gostavam de usar cabelos diferentes. Haru mantinha um corte curto e Taehyung sempre usava os fios mais compridos. Depois de alguns anos, na adolescência, Taehyung percebeu que seu olho esquerdo não tinha uma pálpebra dupla, diferente do direito, e também de seu irmão que a tinha em ambos os olhos. Era um detalhe pequeno e que as pessoas só reparavam se o olhassem de perto. Uma particularidade apenas dele.

Embora todas as características físicas que tinha fossem apenas suas desde que Haru se foi.

E mesmo sabendo disso, Reiko se descolou da realidade o suficiente para chamar por seu filho morto.

Engoliu a saliva com dificuldade. Aquela sensação apertada na garganta não passava, mesmo agora que sua mãe voltara a dormir. E provavelmente não passaria durante um bom tempo.

Os feixes de sol começavam a entrar pela janela do quarto e Takeshi estava próximo dela ajeitando a caixa de remédios.

Queria sair dali. Voltar ao seu quarto, deitar na cama, esperar até que realmente amanhecesse e pensar em algumas coisas sozinho no silêncio inquieto de sua cabeça.

Estava pensando bastante desde a virada do ano, e pensar demais era mesmo uma de suas maiores características. Quando recebeu a mensagem de feliz ano novo de Jeon Jeongguk, se deu conta que havia algo esperançoso em iniciar um ano. E quem diria.

Em 2014, encerrou o ano desejando não viver o próximo.

Na virada de 2015, por outro lado, só conseguia pensar no quanto queria chegar em 2016 com outro feliz ano novo de Jeon Jeongguk.

Efeito Borboleta | taekookWhere stories live. Discover now