34 - Fortaleza

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AMÁLIA DAVIS

Estamos pousando após pouco tempo de voo. O que indica que não ficaremos muito longe das Américas. Mas o que mais me surpreende é que não estamos exatamente em um aeroporto.

— Onde estamos? — Desvio o rosto da janela e olho para Edy e Paolo agora.

Edy levanta os olhos em minha direção, tirando a atenção do jogo de xadrez que Paolo o fazia jogar. Esse tabuleiro foi, obviamente, comprado em Seattle.

— O senhor Paolo ainda não escolheu um nome.

Decido não perguntar mais nada. Está óbvio que se trata de uma ilha. E, pensando bem, nada seria mais inacessível do que uma ilha. Não sei se isso me deixa aliviada ou assustada.

Olho para o Henry, adormecido na poltrona inclinada, e acaricio os seus cabelos. Estou feliz por vê-lo bem.

— Amália, você acha que eu deveria estar aqui? Não sou um intruso? — meu pai indaga, com a voz baixa, tocando em meu ombro.

— Do que está falando, papai? Como assim um intruso? — Faço uma careta.

— Não me sinto bem em estar aqui — ele explica.

— Eu também não — digo de maneira discreta. — Respirar o mesmo ar que Paolo dói, papai. — Suspiro.

Ele se mantém em silêncio. Talvez eu tenha sido muito dramática em meu desabafo.

— Xeque-mate! — Edy soca o ar, em um gesto de triunfo.

— Eu deveria demiti-lo por não me deixar ganhar — Paolo resmunga.

— Não seja um mau perdedor, senhor.

Fazemos um pouso improvisado em uma pequena pista cercada por uma bela vegetação tropical. Alguns homens, provavelmente seguranças e administradores da ilha, vêm ao nosso encontro assim que saímos do pequeno avião.

Estamos caminhando em direção a uma casa gigantesca feita de pedras, que mais se parece com um castelo. Ela é rodeada por muros altos cobertos de trepadeiras coloridas. Aqui é uma ilha deserta com pouquíssimas casas, as quais, certamente, pertencem aos funcionários que fazem o lugar funcionar.

O sol arde com força sobre a paisagem linda e colorida. Paolo lidera a caminhada, ao lado dos seguranças, andando com passos confiantes. Mas, de repente, ele interrompe os passos e, entre todos, olha diretamente para mim e anda em minha direção.

— Deixe-me carregá-lo. — Paolo me estende o braço, referindo-se ao Henry, que ainda está sonolento em meu colo.

Meu coração erra as batidas e, cuidadosamente, eu passo o Henry para ele, sem hesitar. Meu filho deita a cabecinha no ombro de Paolo e me lança um sorriso tranquilo que aquece o meu interior. É tão bom vê-lo bem.

Paolo vai à frente com Henry e eu os sigo devagar, olhando a paisagem bonita ao redor, ao lado de Edy e papai. A ilha é linda, com praias douradas e coqueiros balançando ao vento.

— Percebeu como o senhor Paolo parece feliz em estar com o menino Henry? — Edy questiona, em um murmúrio quase inaudível, ao meu ouvido.

— Sim. Parece que Paolo é um homem mais normal que o pai dele — respondo igualmente baixo, sentindo uma pequena pedrinha entrar em meu calçado. — Só parece. Ainda não tenho certeza.

Paro os passos e retiro o meu calçado para me livrar da pedrinha, que estava me incomodando. Edy para comigo e chega bem perto de mim para responder ao que acabei de lhe dizer.

Um Filho Para O CEO Adormecido Where stories live. Discover now