35 - Não fui eu

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PAOLO CACCINI

Caminho com passos raivosos rumo à saída da casa. Preciso ficar o mais longe possível daquela mulher que me irrita em todos os sentidos. Nunca conheci uma mulher tão irritante como Amália. Meu pai errou feio ao escolhê-la para gerar o meu filho. Nenhuma outra seria mais insolente que ela.

— Alô? — atendo ao celular, que estava vibrando há alguns minutos com uma ligação do delegado.

— Paolo, você enlouqueceu? Como pôde desaparecer assim do mapa? — a voz alterada do outro lado da linha não é do delegado.

— Isso não é da sua conta. Não sou mais o seu filho — cuspo as palavras. — O que você quer?

— Realmente está me considerando um suspeito? Eu não coloquei fogo na casa de Amália. Eu não coloquei uma bomba no seu carro. Seja sensato, Paolo. Não fui eu. Você está sendo paranoico e me acusando de coisas pelas quais sou inocente. Sua mãe está sofrendo.

— Não estou interessado nas suas desculpas. Isso vai muito além de suspeitas. E se eu estou sendo paranoico é porque estou tentando proteger meu filho. Coisa que você não entende o significado.

Ele suspira.

— Eu não sabia do incêndio, só soube porque procurei o delegado para saber de você. Henry está bem? Se soubesse o quanto me arrependo de não ter...

— Poupe-me disso. Se falou tudo, vou desligar.

— Volte para Milão. Você está escondido como se estivesse em um filme de ação. Isso é loucura. Vamos resolver isso juntos, como sempre fizemos.

— Não é a porra de um filme! — Encerro a ligação. Não gosto de ficar discutindo, é perda de tempo.

Minha mãe está sofrendo? Dane-se! Ela merece sofrer. Ela me traiu, e a traição dela dói mais do que qualquer outra coisa que já tenha me ferido. Mas não me importo com isso. Devo ser prático e me importar apenas com coisas que valem a pena.

AMÁLIA DAVIS

— Minha vez! — Henry corre, animado, atrás da bola com a qual ele e meu pai brincam pelo denso jardim aos arredores da casa.

Apesar de, inicialmente, papai ter parecido tão tenso quanto eu, a natureza o fascinou e o fez esquecer qualquer resquício de tristeza ou medo que podia perturbá-lo. A natureza somada ao neto é o suficiente para lhe fornecer tudo que ele precisa para sorrir.

Sento-me em um dos bancos entre os arbustos para melhor observá-los. Enquanto os meus olhos passeiam pela paisagem, assusto-me ao perceber Paolo parado em um canto entre as árvores, ao lado de Edy e dos seus seguranças, olhando com atenção para Henry e papai. Ele observa os dois por longos minutos, mas logo os seus olhos encontram os meus. No mesmo instante, ele desvia o olhar e volta a caminhar com Edy e os seguranças. Conversando sobre algo que parece sério, eles se afastam do jardim.

Noto o meu coração acelerado e levo a mão ao peito, sentindo um frio açoitando a minha barriga. Por que me sinto assim? O que Paolo tem, que causa essa sensação estranha em mim? Eu deveria ter arrumado um namorado. Por que nunca aceitei os convites de Enzo para sair? Por que nunca me envolvi com nenhum garoto na época da escola? Agora me sinto desconcertada por um homem arrogante só porque ele é bonito e possui os olhos azuis. Isso é humilhante.

***

— Vamos lavar as mãos antes, Henry. Se lembra? — pergunto no trajeto até a pia da cozinha.

Paolo, meu pai e Edy já estão à mesa, na sala de jantar, aguardando-nos para almoçar.

Um Filho Para O CEO Adormecido Donde viven las historias. Descúbrelo ahora