37 - Só mais um pouco

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AMÁLIA DAVIS

— Foi apenas um pesadelo? — Sento-me no sofá após abrir os olhos depois de um sonho ruim.

— Senhorita Amália, sente-se bem?

Olho para o lado, para o segurança que me perguntou isso.

— Ele foi embora. Tente não perder os sentidos dessa forma. Isso assusta o meu filho.

Olho para o outro lado e vejo Paolo se aproximando de mim.

— Quem foi embora? Seu pai?

— Sim.

Fico calada, perdida em pensamentos confusos. Sinto-me tonta. A única coisa que se passa em minha cabeça é que Ricardo Caccini é um homem doentio. Ele estava com o Henry no seu colo maléfico.

— Agora já podemos voltar para Milão, né? Caso encerrado. Seu pai não quer matar o meu filho, só é um louco mesmo. Já podemos voltar para as nossas vidas. — Retiro as pernas do sofá e me levanto, mas sou impedida de avançar por Paolo, que me segura pelo pulso.

— Só mais um pouco — sua voz soa como uma ordem, mas seus olhos expressam um pedido importante.

— Só mais um pouco o quê? — pergunto com calma.

Ele tem alguma coisa que me faz querer ouvi-lo.

— Vamos ficar. Quero que comemoremos o aniversário de Henry aqui, nesta ilha.

Abro a boca, mas nada surge em meus pensamentos para eu lhe responder. Ontem mesmo eu estava cogitando ficar aqui para sempre. Por isso me sinto feliz que ele também tenha se apegado a este lugar, de certa maneira, pelo Henry.

— Eu me sentia segura aqui, Paolo, mas a presença do seu pai pôs tudo a perder e...

— Ele foi embora. Quantas vezes terei que repetir? Você é teimosa. Precisa confiar em mim e no que eu acho que é bom.

— E você precisa aprender a ouvir as pessoas, principalmente a mim, que sou a mãe do seu filho — resmungo, puxando a minha mão, e vou para longe dele, implorando, em pensamentos, para que ele não me siga. — Onde está o meu pai, Lucinda? — pergunto ao encontrá-la no corredor.

— Eu acredito que ele esteja na praia com o seu filho, para acalmar o menino — ela explica com empatia em seu tom de voz.

— Obrigada.

PAOLO CACCINI

Sei que não foi nada sério, mas foi horrível vê-la desacordada. O que eu diria ao menino? Em minha cabeça, os pensamentos são muitos; entre eles, a decepção com meu pai e Alessandro ainda reina. No entanto, tenho lutado profundamente contra mim mesmo para não ceder aos pequenos desejos de saber mais sobre Amália. A inteligência, a força e a dignidade dela não são o que mais me assustam, e sim a doçura com a qual ela, sem perceber, consegue segurar a minha atenção.

Que porra. Em pleno caos, consigo pensar nisso. Estou acostumado com mulheres sensuais, bem vestidas, com os lábios vermelhos, sorridentes para mim e exalando sexo, contudo, Amália, com um simples vestido sem graça, consegue me fazer passar horas e horas tentando imaginar o que existe ali, embaixo daquele tecido.

Corrijo a postura e respiro com força, forçando-me a mudar de pensamento. Levo a minha mente ao problema atual.

— Não faz sentido... Alessandro — resmungo sozinho, sentado na poltrona do escritório, apertando a caneta entre os dedos.

Pressiono os olhos, tenso com os pensamentos que disputam a minha cabeça. Por um lado, sinto-me aliviado por ter uma resposta e poder seguir em frente. Por outro lado, não consigo acreditar que Alessandro tenha feito tais coisas. Mas não posso negar que eu já não confiava mais nele. Nem em ninguém.

Um Filho Para O CEO Adormecido Where stories live. Discover now