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02 || A Toca do Coelho

"A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos

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"A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos."

Jean-Jacques Rousseau

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Faziam dois dias, dois longos dias...

A unha de seu dedo anelar direito havia rachado na metade, doía e latejava de uma forma irritante. No entanto, ela não se lembrava do momento em que isso pudesse ter acontecido, mas percebeu o detalhe assim que chegou na casa-mãe e foi recebida por uma dúzia de mulheres de túnicas cinzas e brancas, olhos cansados e poucos sorrisos ou gentilezas. Algumas estavam sujas de terra, outras de fuligem e uma possuía respingos de sangue no avental que usava para proteger a sua túnica... era Nessie, a filha de um ferreiro que recentemente completará quinze anos e realizou seus votos aos Sete, tendo sido prometida pelos pais ainda bebê para que os deuses salvassem a vida de seu irmão mais velho que sofria de uma forte febre- o irmão foi curado e ela seguiu o plano dos pais, no entanto, ela era de uma matéria dura e acabou encontrando seu lugar na cozinha e no abate dos animais para as refeições. Nessie... Agatha quase riu quando a menina a arrastou rudemente pelas mãos em direção à uma pequena sala, repleta de ervas abandonas e cera de velas à muito derretidas e esquecidas.

Nessie não era delicada e tinha tanta paciência quando uma criança mimada de três anos e, obviamente, não ofertou nenhum sorriso ou palavras tranquilizantes ao tratar do pequeno corte na cabeça de Agatha- ela o limpou e informou que não era necessário ponto, depois fez um pequeno cataplasto e abandonou Agatha sozinha na sala. Não houveram palavras gentis, menções de ligações ou a oportunidade de conversar... esperava que uma convenção pudesse ser mais animada, que pudesse ver uma dúzia de homens e mulheres nas cores das suas Casas favoritas, com perucas feias e dragões de papel, que houvesse músicos para celebrar canções inesquecíveis dos livros, como a Chuva de Castemere.

Sua realidade foi oposta: a casa-mãe era uma construção pequena e de pedras, tão medieval quanto aquelas que se lembrava de visitar em aldeias preservadas na Europa, com uma dúzia de mulheres que iam desde pequenas meninas até idosas enrugadas e que nem de longe pareciam dispostas a receber uma desconhecida.

Até pensou em sair da sala e buscar uma saída sozinha, uma estrada paralela ou um posto policial, contudo, o caminho até a casa-mãe foi feito em um matagal denso e sem o barulho característico de estradas e carros. Agatha não havia nascido para andar em floresta e sabia que sair perambulando por aí poderia ser mil vezes pior do que simplesmente esperar que as mulheres brincassem e atuassem. Então, ela esperou... esperou como uma criança perdida na sala de um shopping, esperando pelos seguranças pedirem a presença dos pais para buscá-la.

LINHA TÊNUE || DAEMON TARGARYENWhere stories live. Discover now