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03 || A Lagarta

"Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas

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"Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas."

Jean-Jacques Rousseau

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Ela recebeu papel e tinta quando pediu para ligar para alguém, após uma dúzia de olhares estranhos ao seu pedido- Agatha não escreveu para ninguém e sequer tocou na pena. Depois, fugiu durante a noite e correu para lugar nenhum em busca de alguma estrada ou algum caminho que poderia levá-la para fora daquela "fazenda", no entanto, apenas acabou caindo na escuridão e ganhando um dúzia de hematomas ao lado de um joelho ralado- uma das meninas mais jovens a encontrou tremendo de frio pela manhã, com lágrimas secas no rosto e sangue nas mãos. Na manhã seguinte voltou a fingir ser Frances e exigiu que queria ir embora e, se não a ajudassem, ela as denunciaria- por sorte foi a Illya que disse cada uma daquelas palavras e a pobre mulher era alheia à grosseria, apenas passou a mão pelo rosto de Agatha e disse que em breve tudo ficaria bem. Durante a tarde foi Jeyne, com toda a sua iminente rispidez, que perguntou de onde ela vinha e como poderiam ajudá-la ir para lá- Jeyna sequer sabia o nome oferecido por Agatha e depois a ignorou duramente quando um táxi ou um carro foi requerido...

Uma semana se passou e Agatha começou a se sentir dormente, assim como aos quinze anos.

Ela apenas se sentou do lado de fora e percebeu que todas ali a viam como uma menina de mãos macias, que nunca conheceu trabalho duro, favorecida pela vida e aparentemente louca... foi arrastada para as orações diárias e as refeições compartilhadas, mas ninguém parecia confortável ao seu lado ou parecia interessado em conversar com ela.

Agatha era a estranha ali. Em todos os sentidos possíveis.

Seu refúgio era dormir abraçada com seu maço de cigarros, orbitando entre as possibilidades que a cercavam... uma seita? Um devaneio? Talvez estivesse em coma após ter batido na água e tudo aquilo não passasse de sua louca imaginação atrás de um escape da escuridão... não, parecia louco demais até para ela. Ainda assim, Agatha pensou em uma centena de possíveis possibilidades para o seu atual estado, no entanto, nenhum pareceu lógico ou possível.

Encenou. Andou. Fugiu. Perdeu. Orou. Chorou. Adormeceu. Encenou. Andou. Fugiu. Perdeu. Gritou. Chorou. Voltou. Comeu. Dormiu. Encenou. Andou. Orou. Fugiu. Perdeu. Gritou. Chorou. Chorou. Caiu. Voltou. Adormeceu. Acordou...

Seus dias foram embaralhados em um óptica estranha, emaranhado em um ciclo vicioso de aceitação, revolta e vazio.

A abstinência a deixava ainda mais irritada, enquanto a falta de seus remédios a emergiam em uma poça oca de sentimentos e uma tempestade de pensamentos. Havia vazio e preenchimento, uma verdadeira bagunça de tempo e sensações... gostou de quando foi "obrigada" a ajudar lavar alguns utensílios no rio que, de forma miserável era onde algumas iam se lavar, caso não quisessem se limpar com um trapo úmido. Onde os animais bebiam também e, pelo que sabia, onde algumas mulheres também... queria vomitar com a possibilidade.

LINHA TÊNUE || DAEMON TARGARYENOnde as histórias ganham vida. Descobre agora