38 - Amigos.

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Amaldiçoado se levantou do seu sono, e sentou-se na árvore. Ela estava bem próxima da estrada de terra. Bocejou, e encarou o cenário monótono. Bateu com os pés na árvore, matou algumas formigas, foi mordido por outras, acabou descendo. Perguntou-se o quão longe estava da lagoa. Sua resposta chegou a pé.

— Vinícius? –perguntou Amaldiçoado.

— Caramba, você já chegou até aqui? – ele estava com suas roupas de frio, o que fez Amaldiçoado estranhar.

— Onde está Camila?

— Ainda está dormindo.

—.... Que horas são? – um dos detalhes que mais odiava no céu coberto era o fato de não poder deduzir as horas.

— Umas nove da manhã, sei lá. Já devem fazer duas horas desde que eu saí da lagoa.

— Nossa...

E os dois ficaram em silêncio, sem saber o que dizer. Apenas por um momento.

— Está indo pra Castle Hill? – perguntou Vinícius.

— É... acho que é a minha melhor escolha, por enquanto.

— Posso ir contigo?

— O que? Por quê?

— Eles vão me levar pro mar, não quero.

— Você não é parente deles ou coisa do tipo?

— Não. Só viemos do mesmo país. – e complementou: – Olha, se estiver com medo de que eles sintam minha falta, isso não vai acontecer. Camila se apaixona por um cara diferente toda a semana, não vai sentir falta de mim. O resto... nem consciente está. Eu me sinto ridículo andando com eles.

— O meu problema seria se você que sentisse falta deles. – disse Amaldiçoado. – Mas se isso acontecer, eu dou meu jeito.

— É que... decidi uma coisa. Só vivo se for longe do mar. Vou fazer o possível pra me afastar dele.

— Que tanto medo dele é esse? Enfim. Se quer tanto fugir, procurou o monstro certo. Eu quero ir o mais longe possível de Belarus.

—Então... somos amigos?

—Amigos. – "Será que você vai morrer também, como meus outros amigos?" perguntou Amaldiçoado, na sua cabeça.


A Cidade do SolWhere stories live. Discover now