69 - Lamentação.

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O ruivo voltou para a casa da tia. Que, aliás, era Linda.

– O que foi que ele te disse, queridinho? – perguntou a tia.

– Disse que estava nos livros. – disse como se o rei o tivesse ignorado completamente.

– Eu falei pra você, docinho. Ele sempre diz isso. – a mulher suspirou.

– Mas que livros? A biblioteca daqui é enorme!

– Os de Lázaro Albuquerque, seção 23.

– Meu tio?! Logo ele?

– Sim...

– Por quê?

–... Quando eu me casei, Bernardo comprou um dos livros de Lázaro. Ele gostou muito do jeitinho com que ele descrevia os personagens, e vinha aqui várias vezes comentar sobre o livro. Até que ele começou a entrar demais no mundo mágico dele...

– E o que aconteceu?

– Lázaro disse que iria voltar pra Belarus, a cidadezinha onde ele nasceu, e quando voltou estava amaldiçoado. Bernardo não conseguia aceitar e fez de tudo pra reverter mas... Meu amado Lázaro disse que não era possível, e fugiu para a floresta, dizendo que não queria ser peso pra ninguém... Agora só Deus sabe onde ele deve estar...

– Morto. – ouviu-se a rebeldia controlada de Teodoro por trás da porta de madeira do seu quarto, que era bem próximo da sala.

– Não diga isso, caramelinho.

– ELE É UM MONSTRO AGORA! UM COMPLETO! – berrou, revoltado com a calma da mãe. Mais uma vez, fazendo coisas sem pensar.

– Cale a boca! – Linda bateu com sua chinela na parede, causando um estrondo que fez o menino se calar.

E enquanto Linda chorava por dentro, Teodoro soluçava alto, molhando seus joelhos com suas lágrimas.


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