40 - Remorso.

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Teodoro estava receoso de ir até próximo de Porcelana. Temia que ela começasse a bater nele, de ódio. Temia que ela acabasse chorando ainda mais. Mas tinha que engolir o medo.

— Por... porcelana... – ele ainda estava longe, mas se aproximou.

Não teve resposta.

— Porcelana, desculpe.

Ainda não.

—... – Teodoro suspirou. – É, eu sei, eu fui idiota e inconsequente por sair naquela velocidade sabendo eu você tava com medo e tal...

— Do que você tá falando? – Porcelana levantou o rosto, molhado de choro.

— Eu tô falando do que acabou de acontecer!

— Mas eu já esqueci... – disse ela. – Você não precisa se preocupar, eu já esqueci...

— Que? É impossível ter esquecido de uma coisa dessas tão rápido!

— Apenas deixe... eu não vou reclamar, nem você precisa pedir desculpa... Tá bom?

— Mas não é assim que as coisas se resolvem!

— Caramelo, por favor...

— Porcelana, olhe nos meus olhos e diga que perdoa.

—Não precisa...

—Vamos! Se não é tão necessário assim, faça.

Porcelana subiu os olhos para Caramelo, e tentou olhar nos olhos castanhos dele. Quando os viu, fragmentos de memórias recentes começaram a atormentar sua cabeça, e ela voltou a chorar.

— Viu? Você esqueceu coisa nenhuma! – Teodoro disse, com remorso. – Ah... Vou deixar você em paz.

E Teodoro saiu da Carla. Porcelana ficou sozinha na Kombi, chorando de novo. Tempo passou, e ela parou de chorar. Não tinha esquecido de novo. Das coisas que tentara esquecer, aquela tinha sido a única que não conseguiu. Porcelana, então, se levantou e saiu da Carla, procurando dar perdão.

Chegando lá fora, deu de cara com o homem corcunda e barbudo. Ele segurava a pá nas mãos, e um saco de pano estava amarrado nas suas costas.

—... O... quem é... – balbuciou Porcelana.

— Olhos azuis, o sequestro acaba agora. – diz o homem, enquanto atinge a pobre moça com a pá.


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