capítulo V - Admirador secreto

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As palavras de esperança e fé proferidas pelo padre ecoaram-lhe no seu coração, tocando-o profundamente. Ela percebeu que, apesar das diferenças e desafios que enfrenta na sua jornada até ali, estava exatamente onde deveria estar. Aquele dia na igreja tinha sido memorável, pois foi ali que nasceu a sua nova amizade. Após ter aceitado ser amiga de Lucas Spencer, e ambos voltarem para a igreja naquele dia, ela veio a descobrir, que a pessoa a qual Henry tinha pedido para a ajudar com os estudos, tinha sido Christian Benetton. Embora Christian tivesse apenas 14 anos, ele já estava na turma dos adolescentes, pois o senhor Benetton pretendia que ele acompanhasse o irmão à universidade de gestão financeira.

Christian ensinava de forma tão culta e inteligente.

Tão inteligente, que Aneline aprendera muita coisa em apenas uma semana.

Como naquela tarde de sábado, Christian não podia ir à casa dos Hudson dar aula, Aneline decidiu ir à casa dos Benetton. Ela mentiria se dissesse que não estava a evitar pisar naquela casa, só para não cruzar com Gabe, depois daquela conversa que ambos tiveram ela evitou-o encontrar e parecia que ele fazia o mesmo. Uma vez o viu passar na rua em frente a sua casa, mas apenas ficou a o observar de longe, pela janela da cozinha.

Ela segurou os livros que a senhora Clark lhe tinha emprestado e juntou coragem para bater à porta da casa de tijoleira cor de laranja.

Justamente assim que a porta se abriu, os olhos verde-musgo que ela tanto evitou encontrar, a receberem, ela não sabia o que falar e ele parecia estar no mesmo estado que ela.

— Christian Benetton está em casa, senhor Gabe Benetton? — perguntou rapidamente para quebrar o silêncio e então desviou o olhar para o lado e empinou o nariz.

Senhor era um termo modesto demais para alguém que tinha a sua idade. Ela ouviu uma outra voz masculina vinda de perto, que lhe concluiu existir mais de uma pessoa ali.

— Christian saiu, deseja mais alguma coisa, senhora Hudson? — falou no mesmo tom - modesto, um toque de seriedade e uma leve arqueada da sobrancelha-.

Ela caiu num desabafo espontâneo.

— Só me falta uma matéria para concluir os estudos, acho que vou mergulhar nas profundezas da minha falta de inteligência e pouca sorte. Amanhã tenho o exame final que vai determinar pelo menos dois anos da minha vida. Oh! Pobre de mim. — exclamou mais para si mesma do que para ele. — Rose quer tanto que eu entre na escola. Ela acredita que eu irei conseguir passar no exame. Resta-me aceitar e ir embora.

Gabe a olhou de cima a baixo subitamente, voltou a subir o seu olhar, e assim que a jovem virou as costas para ir embora, ele falou.

— Estude pelos livros. — deu de ombros. — Tenha um bom dia. — disse sem dar muita importância antes de fechar a porta. Tinha coisas para fazer,

Aneline não lhe deu resposta e continuou o seu caminho cabisbaixa pelos pensamentos negativos que começaram por invadir a sua mente. Ela entrou em casa com a mesma expressão, o que chamou de imediato a atenção de Rose que estava a assar bolachas de aveia para Henry, que gostava de levar para os amigos da comunidade masculina. Aneline sentou-se de frente para a mesa e apoiou o cotovelo em cima da madeira, para então apoiar o queixo na palma da mão.

— O que aconteceu querida?

— O Christian não está em casa e amanhã é o exame final. Estou preocupada Rose. Oh! Rose! — exclamou e deixou a cabeça cair sobre a madeira. — E se eu não conseguir e ter de atrasar? Henry queria tanto que eu não atrasasse. Ele uma vez disse que como eu era órfã, teria de aproveitar as oportunidades para me tornar alguém culta nesta sociedade e um dia conseguir ter um bom marido.

A menina dos cabelos de neveWhere stories live. Discover now