Capítulo VI - Um dia de escola

14 1 0
                                    



Ali estava ela, numa manhã Gloriosa de setembro, num despertar suave do outono, o ar fresco da manhã misturava-se com o calor tímido e cálido do sol que ainda lembrava o verão que passou. As folhas começam a mudar de cor, adotando tons de laranja, vermelho e amarelo, enquanto o céu claro exibia um azul profundo e sereno. O canto dos pássaros é menos frequente, mas ainda presente, para celebrar o início de um novo dia. Há uma sensação de renovação e expectativa no ar, principalmente nas ruas de Paradise, onde os mais jovens voltavam a uma rotina quotidiana de estudos. Abandonam as férias de verão para entrar na jornada de estudos.

O cheiro de café pairava pelo ar, juntamente com o perfume de Glory Benetton, que não perdeu tempo em pedir à empregada doméstica para preparar um pequeno-almoço mais recheado, assim os seus filhos teriam energia suficiente para exercer as tarefas do dia. Como era o primeiro dia de aulas deles, ela queria que eles comessem bem. A importância de uma refeição matinal nutritiva não pode ser subestimada, especialmente para crianças em fase de crescimento. O seu marido cruzou o corredor enquanto ajeitava a gola da camisa de Christian e reclamava.

— Tens de estar bem-vestido para causar uma boa impressão. É o teu primeiro ano na turma dos jovens.

— Eu sei, por essa razão o deixei escolher a minha roupa, querido pai.

Sorriu o loiro de olhos azuis. Ben e Christian tinham uma relação muito próxima e para Christian, Ben Benetton era a sua fonte de inspiração.

— Onde está Gabe? — perguntou Glory notando a falta de presença do filho.

— Como ele chegou tarde da casa de Lucas, provavelmente deve ter adormecido.

— Ele saiu durante a noite? — Questionou preocupada.

Ela sabia que Gabe Benetton era imprevisível, mas não gostava quando ele saía sem a sua autorização. Tudo bem, que o filho mais velho tinha o costume de seguir as próprias vontades e ideias - isso causava-lhe muitas dores de cabeça -.

— E não foste acordar o teu irmão, porquê, Christian Benetton?

— O meu irmão, odeia que entrem no quarto dele sem permissão.

Glory lançou um olhar para Ben, como se esperasse uma resposta dele, mas foram surpresos pela voz do jovem - que passou por eles com um cesto de ovos e um sorriso nos lábios.

— Não se preocupem, eu já estou acordado desde as 06:00 da manhã. Fui comprar ovos à feira de comércio de Verzin. — Falou Gabe indo em direção à cozinha.

— Porque não me avisaste filho? Eu teria comprado os ovos. — disse enquanto o seguia.

— E perturbar o sono da minha querida mãe e depois levar um sermão, ou sofrer ameaças constantes? Não me parece ser boa ideia. — Pousou o cesto em cima da mesa e avisou a empregada.

Glory analisou o filho e fez uma careta quando viu o estilo despojado e pouco formal das roupas que trajava Gabe. Camisa branca, colete de couro preto por cima, calças largas, seguradas na cintura apenas por um cordão.

Ela suspirou, e tentou conter a vontade de dar um sermão sobre a importância de ele vestir-se adequadamente para determinadas ocasiões. No fundo, Glory sabia que aquela era a forma de expressão do seu filho, a sua única forma de mostrar um pouco da própria personalidade ao mundo. Com um sorriso nos lábios, decidiu ser hora de abraçar a individualidade de Gabe e aceitar que, mesmo com um estilo peculiar, ele continuava a ser um jovem incrível, cheio de criatividade e autenticidade.

— Mas que estilo é esse Gabe Benetton?! Os ternos de algodão que eu comprei, são para ser usados.

Gabe penteou os cabelos com os dedos, abrindo um pouco os cachos castanhos, dando um ar mais ousado ao seu visual. Ele sentia-se mais confortável assim.

A menina dos cabelos de neveWhere stories live. Discover now