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Em casa no seu escritório, Kássios Rivera relia pela milésima vez todos os dados da autópsia do corpo do homem intitulado como mais um membro do grupo Devil Saints. Mesmo que escuro, estava tudo muito claro. Foi constatado que devido a profundidade do corte feito com o auxílio de uma ferramenta afiada na lateral do pescoço, o rompimento da jugular interna tornou ineficiente o pronto socorro oferecido pelos agentes do presídio. O laudo dizia explicitamente, suicídio. Porém, Kássios não conseguia engolir nada daquilo, pois mesmo depois de tanto procurar e investigar nos últimos três dias, ainda não havia tido nenhum sinal do objeto usado pela vítima. Era uma história interessante, mas muito mal contada em sua opinião.

Cansado e tomado pela frustração de mais uma vez parar em um beco sem saída, o diretor do FBI deixou aqueles papeis caírem em descanso sobre sua mesa, desabou contra as costas da cadeira que ocupava e mirou o teto quando pendeu a cabeça para trás. Em silêncio, apenas em pensamento perguntava a si mesmo o que seu faria se estivesse em seu lugar preso naquela mesma situação. 

Alberth Rivera era considerado um homem considerado frio e calculista, mas tudo dentro dos padrões exigidos pelo FBI, pois fora da farda que vestia com tanto orgulho, o falecido diretor era alguém completamente diferente. Um pai amoroso e cuidadoso com a família, mas também um agente de respeito e com muito a oferecer aos seus superiores. Sempre sincero e nunca demonstrando ser mais do que realmente era, Alberth era considerado uma pessoa muito transparente, um livro aberto cheio de conteúdos a serem explorados e aprendidos dentro e fora do departamento da força governamental. Sua mente trabalhava rápido, seus olhos viam aquilo que outros não conseguiam ver, enxergavam tudo aquilo que desejavam esconder da sua visão. Seu sexto sentido era muito apurado, e graças a isso foi capaz de chegar perto de concluir a missão que agora se encontrava nas mãos da sua única filha. Havia falhado, mas não porque lhe faltou preparação, e disso sua família tinha certeza.

— Droga! — tampou o rosto com ambas as mãos e respirou fundo ao esbravejar sozinho — O que eu não estou vendo, meu irmão?

De pé frente a janela entreaberta do seu quarto, Pietro aguardava a chegada do sono enquanto encarava com grande apreço o brilho da lua em uma noite pouco estrelada. Não era mais tão cedo, e apesar de estar exausto depois de tanto discutir com Homero e mais alguns associados novas estratégias sobre como lidar com o inconveniente que era ter o FBI e a Devil Saints no seu encalço, o líder da máfia mais comentada nos últimos tempos não conseguia dormir. 

Informado sobre o andar da situação dentro de ambos os presídios onde estavam os seus inimigos, o empresário planejava o seu próximo passo. Não podia agir com base na emoção, mas também desconsiderava todo o tédio que vinha junto da espera do momento ideal. O FBI era sim um problema muito grande, principalmente tendo uma agente tão próxima debaixo do seu teto. Mas ainda sim, com o passar dos anos o líder da Belmont aprendeu a não subestimar forças que pareçam inofensivas. Uma clara lição vinda do ocorrido com Alberth Rivera e seus agentes. Pietro não se arrependia de nada, pois tudo o que fazia possuía um propósito no final. Porém, olhando para trás em sua longa e perigosa caminhada, em frente ao espelho e mirando o próprio reflexo, o empresário confessava a si mesmo que aquela era uma situação potencialmente evitável. Assumia que queria se mostrar de alguma maneira, e no fim daquela semana, tudo se encontrava exatamente dentro dos seus planos. Era temido e procurado por todos os lados, estava exatamente onde desejava estar desde o início do que decidiu chamar de projeto. Por fim, enxergou uma pequena ideia do que fazer com relação à concorrência direta.

Segurando o celular com cuidado em sua mão, visualizou o contato do homem em quem confiava a sua vida e se instruiu a digitar alguma mensagem, mas se conteve no exato momento em que a luz da porta da entrada da sua casa se acendeu. Por instinto, se virou e buscou pela presença da esposa, então se lembrou de que ela havia pego o plantão daquela noite. Foi quando voltou sua atenção para o que acontecia na saída da sua casa. Era sua filha quem caminhava pela frente mirando o verde do jardim que rodeava quase toda a residência. Os passos da garota eram calmos, vagarosos e silenciosos ao extremo. Desceria para saber o que a incomodava.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora