A Filha do Dono da Máfia

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Apesar do passar de dois dias, Andrea ainda permanecia afastada das suas funções com o distintivo do FBI. Nas palavras usadas pelo diretor, ela precisava estar 100% para o retorno que buscava. No entanto, mesmo que não lhe dissessem nada, a Delatorres tinha certeza de que existia mais alguma coisa por trás dessa relutância contra a sua volta, mas não demonstrava qualquer preocupação quanto a isso.

Sentado à mesa no seu escritório, Kássios lia e relia os relatórios de Carlo Torres e mais dois outros agentes sobre o assalto ao banco central, tentando de alguma forma entender como sua agente acabou saindo ferida daquela situação se em nenhuma daquelas páginas era relatado um disparo efetivo na sua direção. Considerou que talvez não tivessem sido capazes de ver tal momento devido ao caos instalado dentro daquele ambiente, mas isso não apagava as dúvidas que assombravam as suas noites durante o último mês inteiro. Com isso consumindo a sua mente, pensou em pedir também o relatório médico sobre o atendimento de Andrea naquele dia. No entanto, foi barrado pelo pedido de confidência feito por Andreza quando procurada no hospital no dia anterior. Além de agir como a médica responsável pelo caso Delatorres, a doutora também inquiriu o poder da maternidade em proteção aos direitos pessoais da filha. Para seguir em frente, Kássios precisaria de um mandato, e infelizmente ele não tinha um caso montado para recorrer a algo assim.

— Senhor, disseram que estava procurando por mim — pendurado à fresta conseguida através da porta, aguardava a permissão para entrar.

— Temos uma operação em andamento, e sem a agente Delatorres na equipe, você irá auxiliar no trabalho da agente Rivera por hoje — dando uma pausa no que lhe trazia dor de cabeça há alguns dias, encarou a presença do homem — Mas por favor, tente não irritá-la com assuntos fúteis outra vez. Não preciso de outro agente suspenso ou de licença.

— Aquilo não irá mais se repetir, senhor — exibindo a postura de um clássico soldado americano, viu o diretor assentir — Sobre o caso Juan Lucas, existe alguma possibilidade dele ser reaberto?

— Esse já é um assunto resolvido, Marcos — a mudança de assunto não lhe agradou — Ele foi reconhecido como o pilar por trás do rapto de alguém, relativamente importante, não apenas para o departamento — se aconchegou na própria cadeira — O conselho considerou a sua morte como uma sentença agregada pelo julgamento que não pôde ter, além de aceitarem a possibilidade dos disparos terem sido efetuados em um desentendimento entre ele mesmo, e alguns dos seus comparsas no crime que cometeu.

— Senhor, eu não vim até para tirar o peso da culpa que ele carrega, mas queria ao menos encontrar o ceifador da sua vida — liberou o peso que carregava em seus ombros — Entendo que fiz parecer o contrário, e não era essa a minha atenção. Só não estava disposto a aceitar aquela garota falar tanta merda de alguém que até outro dia era visto como o futuro promissor da minha família.

— Desde a sua chegada, você fez parecer muita coisa que não recaiu bem sobre a sua primeira impressão, agente — indicou a cadeira na sua frente — Considerando que tenha entendido que não pode ir além do profissional depois que pendurar esse distintivo no pescoço, espero que finalmente nos mostre a eficiência relatada pelo seu antigo superior.

— Darei o meu máximo — deixou o olhar cair sobre os papéis deixados sobre a mesa — Mas peço para que ao menos tente entender a minha posição com relação a agente Delatorres, porque não pego no pé apenas por causa de uma falsa sensação de ciúmes — diante a confissão, pediu permissão para ler os documentos — Desde que cheguei, a primeira impressão foi a que ficou, e a verdade é que algo naquela garota não me passa confiança alguma, já lhe disse isso.