Grito

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Aurora

Encostei minha cabeça na árvore onde estava sentada e ao me remexer um pouco consegui ouvir Riven resmungando, sua inconsciência vai e vem. E minha preocupação aumenta a cada hora, ele foi envenenado, isso não tenho dúvidas, as veias negras que crescem a cada segundo em seu pescoço são a prova disso.

Eu estava ali ao que pareciam dois dias, minhas noções de tempo e espaço estavam reduzidas já que a floresta estava sempre escura e fria, ao ponto de dar a impressão de que eu estava em um filme preto e branco.

- Oi...

- Ei, olá. - sorrio pra ele. - Como se sente?

- Dolorido, tudo dói Aurora. - uma lágrima escapa de seus olhos e meu peito aperta.

O som de passos me chamam a atenção, um grande e repugnante homem aparece na minha frente. O chicote em sua mão me apavora.

- Traidores devem pagar lentamente. - Sua voz me causa asco. Minha respiração acelera quando percebo o que ele irá fazer.

Joguei o meu corpo em cima de Riven para impedir que ele o machucasse e senti uma ardência nas costas. Meu grito tomou o local. Senti quatro fortes impactos nas costas, o sangue quente escorrendo, minhas lágrimas e gritos misturados. Até que sinto ser agarrada pelos cabelos e arremessada contra a árvore, a corrente que prende meus braços me dão um solavanco, grito com a dor, com certeza destroquei um ombro.

Mal sinto meu corpo, minhas costas latejam, minha cabeça parece que vai explodir. Não posso deixá-lo machucar Riven.

- Não! - grito o mais alto que consigo - Não o machuque! - soluço.

Meu rosto está uma bagunça de dor, sangue e lágrimas.

Quando o troglodita se vira, sinto toda sua raiva sendo direcionada a mim. Ele tira um punhal da cintura e corre na minha direção. Fecho meus olhos esperando o impacto, mas ele não veio.

Abro meus olhos e sinto o chão em baixo do meu corpo sumindo, meu mundo para.

Riven está com o punhal enfiado no peito.

O gigante joga o corpo do meu irmão ao lado do meu, e sorri sarcástico.

- Como eu disse, traidores merecem a morte. - ele se vira e sai nos deixando ali.

Forço meu corpo a se levantar, mas falho, me encosto meio torta no tronco da árvore e puxo o corpo do meu irmão. Prendo o gruído de dor.

- Me perdoa. - seu corpo começa a dar espasmos.

- Pelo o que? - minhas lágrimas já caem descontroladas.

- Me atrasei pro seu aniversário... - prendo o soluço, sinto carícias em meu rosto.

- Tudo bem.

- Me perdoe por te fazer sofrer irmã... - sua voz sai em um sussurro e posso ver a vida esvaindo de seus olhos. - Você sempre me disse que eu era um tolo, por conta das minhas atitudes e eu nunca dei ouvidos, mas eu vejo agora que você sempre teve razão.

- Riven! Eu te proíbo de morrer. - aperto seu corpo contra o meu.

- Eu te amo Aurora, obrigado por me salvar, quando nem mesmo eu percebia que precisava ser salvo.

- Eu te amo. - meus soluços tomam conta do local, sinto a mão de Riven caindo do meu rosto e sua cabeça pencando em meus braços. - Riven...

Grito o mais alto que consigo, a dor em meu corpo me leva a inconsciência segundos depois.

Eu perdi meu irmão.

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Potere dell'invernoWhere stories live. Discover now