Chapter Two

2.6K 293 151
                                    


Lauren's POV

Eu adoro sonhar. Adoro a ideia de sonhar. Não tô falando daquele sonho de visitar vários países ou alcançar o cargo mais alto dentro de uma empresa muito bem sucedida. Estou falando do sonho literal, daquele que temos ao dormir. Esse tipo de sonho. Eu adoro, principalmente, porque nele eu posso fazer qualquer coisa, ser qualquer coisa porque vem tudo de dentro da minha cabeça. Ninguém além de mim pode controlar, embora na maioria das vezes nem mesmo eu possa. Gosto da ideia de criar um mundo completamente diferente do que eu vivo. Um mundo onde as pessoas me olham nos olhos, onde as pessoas vêem meus olhos e não sintam repulsa ou que eu não cause estranheza em todos só por ser diferente deles.

O sonho não literal é algo vazio demais pra mim. Eu acho bonito ver as pessoas sonhando, mas eu, particularmente, não gosto da ideia e acho até besta. Meus sonhos não literais se resumem em ser aceita por ser "estranha" enquanto meus sonhos literais são baseados em eu pegando no pé dos meus irmãos mais novos, exatamente como eles fazem comigo. Infelizmente, não nasci com poderes como absolutamente 99,99% da população.

Eu estava incluída em uma minúscula parte da sociedade e isso era um inferno. Nunca conheci alguém como eu e acho que nunca conhecerei. Era algo realmente único e diferente. Provavelmente a maioria das pessoas como eu, se é que existem, estão enfiadas dentro de alguma caverna pra não ter que lidar com esse mundo maldoso e cruel com pessoas como nós.

A ideia de sonhar me agradava, ter a oportunidade de aporrinhar meus irmãos como eles faziam comigo me fazia gargalhar, mesmo que eu estivesse ciente de que aquilo era apenas um sonho. É engraçado a sensação de saber que estou sonhando, mas ainda aproveitar cada segundo daquele momento único onde eu conseguia controlar a água.

Eu tinha certeza que minhas mãos levantadas, apontadas para meu irmão mais novo enquanto ele era atingido por uma rajada de água que vinha diretamente da nossa piscina atingia sua cara, nada mais era que um sonho. Porque além de sentir que aquilo não era real, eu não tinha poderes fora dos meus sonhos. Mas devo admitir que a sensação de retribuir todo inferno que eles me causam, é boa, mesmo não sendo real. Pelo menos eu descontava de alguma forma ou de outra.

Além disso, tinha a voz alta da minha mãe brigando comigo por perturbar aquele pirralho.

— Lauren! Você não pode molhar seu irmão! - Ela ralhou irritada, desaprovando totalmente minha autodefesa. Jamais seria um ataque, mesmo se eu fosse a pessoa a começar. Era sempre legítima defesa.

— Por que? Eu adoro o cheiro de terra molhada. - Minha mãe ficou ainda mais irada com meu belo argumento. Seus olhos vermelhos eram aterrorizantes, mesmo pra quem já estava acostumada a encará-los.

Devo admitir que meu irmão não tem cheiro de terra, muito menos molhada. O que era triste porque eu realmente gostava do cheiro, era bom. Às vezes, nem sempre.

E tudo bem, não foi um argumento realmente forte ou mediano, foi bem ruim.

Quando senti minha consciência voltando ao meu corpo, sabia que estava prestes a acordar. Abri meus olhos lentamente e a claridade infernal me fez fechar os olhos e resmungar na mesma hora. Que inferno! Eu dormi com a luz acesa de novo.

Eu era ótima na cama, deitava e apagava como se não houvesse amanhã. Ninguém era melhor que eu na cama e nada mudaria minha opinião. Essa era minha verdade absoluta e ponto.

Nem mesmo a luz era capaz de parar uma Lauren com sono.

Voltei a mover meus olhos, mantendo-os parcialmente abertos, tentando me acostumar com aquela luz que não era tão forte, mas eu estava acostumada com a escuridão por completo, então incomodava muito e algo me dizia que meus olhos verdes faziam aquilo perturbar ainda mais. Patéticos olhos verdes, além de não me deixar ter poderes, ainda me fazem sensível à luz.

Your Green Eyes Donde viven las historias. Descúbrelo ahora