Chapter Three

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Lauren's POV

Sexta-feira, o penúltimo dia da semana e o mais adorado por todos os trabalhadores e estudantes. Não seria diferente comigo. Foram cinco dias de aula, cinco dias usando essa porra dessa lente de contato que irrita mais meus olhos a cada dia que passa.

Não sei exatamente quanto tempo leva para se acostumar com essa coisa infernal, mas eu não conseguia me acostumar. Meus olhos imploravam por liberdade. Talvez eu não soubesse colocar corretamente e por isso me irritava tanto.

Passei a última - e primeira - semana irritada com tudo que acontecia dentro dessa escola, e fora dela também. Meus irmãos me irritavam, meus olhos me irritavam, os atletas com super corpos me irritavam, as conversas altas e risadas mais altas ainda, tudo isso me irritava nessa última semana. Era inevitável.

Talvez eu estivesse ficando muito velha e ranzinza. E eu recém completaria 18 anos. Como vou viver mais de 100 anos com esse estresse todo dentro de mim? Sinceramente, quem foi que teve a ideia de fazer nossas vidas durarem tanto? Eu tinha quase 18 e já queria parar de ter que pensar no que os outros vão pensar de mim. A matemática é básica, se eu vivesse até os 80, seriam apenas sessenta e dois anos de julgamento, nada mais que isso. Mas não, vamos fazer um super corpo que se mantém da mesma forma até seus dez últimos anos de vida!

Sério, o que se passa na cabeça de quem inventou isso?

Por algum motivo, essa aula chamou minha atenção de forma inexplicável no dia anterior. Minha professora não explicou o porquê, talvez nem mesmo existisse um motivo, mas explicou nossa expectativa de vida e a forma que nosso corpo se preservava na mesma aparência até os dez últimos anos de vida, para aí sim começar a envelhecer.

Ou seja, se aos trinta eu estiver feia, ficarei feia até meus dez últimos anos de vida, quando começarei a envelhecer, provavelmente ficando ainda mais feia - isso não é um ataque aos idosos, deixando claro. E bom, quando você começa a envelhecer, já sabe que falta pouco tempo para ir de arrasta pra cima. Deve ser assustador.

Não que você só consiga morrer nessa idade, você pode muito bem morrer antes. Basta pegar alguma doença ou ser assassinado. Mas se você se mantiver saudável, viverá cerca de 150 anos, um pouco mais ou um pouco menos.

Não sei exatamente como é ficar doente, nunca tive nem mesmo uma gripe, mas já vi meus irmãos doentes e é assustador quando acontece, mesmo que seja algo fraco. Nunca tive essa sensação, o que é estranho porque nem mesmo catapora eu peguei. E teve uma infestação na minha antiga escola.

— Lauren? - Um voz séria e levemente autoritária surgiu, me arrancando dos meus pensamentos intrusivos. Me virei para a dona da voz e encontrei a dona da escola me observando cautelosa.

— Bom dia, Diretora Cabello. - Desejei à mais velha com toda boa educação que meus pais me ensinaram.

— Bom dia! Como está? - Ela perguntou, me analisando de cima a baixo. Parecia procurar algo errado em mim. Mas não havia, já que eu fazia questão de checar três vezes antes de arriscar sair na rua.

— Estou bem, obrigada por perguntar. - Respondi simples, recebendo um sorriso e um acenar com a cabeça.

— Está perdida? - Questionou, me fazendo franzir o cenho. Bom, eu estava, mas perdida em pensamentos. Só que ela não precisava saber disso.

— Na verdade, não. Só estava pensando e caminhando sem rumo. - A mais velha assentiu, abrindo um sorriso compreensivo. Algo me dizia que eu não era a única aqui a fazer isso.

— Tudo bem, só tome cuidado com o horário. Não se atrase para a aula, ok? - Seu indicador apontou para o relógio em seu pulso, me mostrando que horas eram agora.

Your Green Eyes Where stories live. Discover now