17. Sir Cadogan

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- décimo sétimo capítulo, 1994 -

Sir Cadogan

COM O TEMPO QUE PASSAVA, os dias foram se tornando cada vez mais esborratados, interligados uns aos outros por pequenos acontecimentos que ocorriam em simultâneo em vários dias e os tornavam apenas num só, impossíveis de distinguir. Sirius e Yasmin mantiveram-se na Casa dos Gritos em muitos destes dias, tentando ao máximo não serem vistos por ninguém, mesmo nas suas formas animagas.

Pelo natal, a dupla rabiscou um pedido para que duas vassouras da melhor marca e qualidade, duas Firebolt's, fossem entregues pela manhã de natal a Ginevra Molly Weasley e Harry James Potter - uma delas seria prenda de Yasmin, outra era responsabilidade de Sirius e de Yasmin; uma prenda secreta de natal, pelo facto de não poder ser assinada, para os seus afilhados. Foi pedido que o dinheiro fosse retirado do cofre em Gringotes de Harry Potter, já que levantaria suspeitas se alguém mexesse na conta da família Black ou Castle. Bichento, o fiel companheiro da dupla, levou o pedido por escrito, e, na manhã de natal, o garoto Potter e a garota Weasley receberam, cada um, uma vassoura nova.

A pequena garota chegou a chorar de felicidade, vinha de uma família ridiculamente grande, sete filhos na sua totalidade, e o dinheiro não chegava para nada. Apesar de Ginny amar o desporto, a vassoura que tinha enquanto aluna do segundo ano era fraca, lenta e já recaía na podridão pelos anos de uso dos seus irmãos mais velhos.

Lidavam apenas com a companhia um do outro, sem mais ninguém para os acompanhar à exceção do vento e da luz da lua que os saudava pelas janelas da casa de madeira. Até mesmo a passagem de ano, outrora passada com tanto alarido e tanta festa - quando estavam no auge das deusas juventudes, anos antes de chegarem a Azkaban mesmo -, fora apenas um borrão na curta história da gata e do cão.

Entre flertes e declarações de ódio, a dupla se uniu ainda mais do que o esperado, passando longas horas apenas na companhia um do outro sem conversar ou conversando sobre o mundo que caía sobre eles fora daquela pequena bolha em que se encontravam.

Certa vez, no início de Fevereiro de 1994, — apesar de nenhum deles saber o dia exato —, Sirius voltou a insistir para que eles invadissem o castelo na busca incansável de encontrar Pettigrew. O Black estava prestes a implorar, quando Yasmin, surpreendentemente, concordou.

Cético, o homem ergueu uma grossa sobrancelha negra, olhando para ela com descrença. — Já não quero.

Me desculpe? — guinchou.

— Já não quero. — ele deu de ombros, pegando num jornal velho que um deles tinha trazido para casa faz muito tempo, e se sentando no chão, passando os olhos por lá. — Deixa para lá.

— Você está brincando, só p-pode. — ela gaguejou, incrédula com o facto de Sirius não querer sair. — Você não aquieta o traseiro por um segundo, está sempre pedindo para a gente sair, e, quando eu digo que sim, você nega? — reclamou.

— Você concordou muito fácil, qual é? — ele olhou para ela fazendo beicinho. — Eu só queria um pouco de drama, não sei.

Ele ainda me mata, ela reclamou consigo mesma.

— Está bom! — bufou ela. — É isso que você quer? Tudo bem, pergunte de novo.

Ele se endireitou, ajeitando a postura e sorrindo. — Por favor, por favor, por favor, vamos entrar em Hogwarts? Por favooooooor, Yas, por favorzinho.

𝐒𝐓𝐔𝐂𝐊 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, sirius blackWhere stories live. Discover now