Capítulo 4

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Giulia Romano

Espeto o garfo na cenoura cortada e apoio meu queixo na mão fechada sem a menor vontade de comer. Tudo está em um silêncio tão incômodo que preciso controlar minha respiração pra não sair muito alta.

Ergo meus olhos e vejo que minha mãe está tomando vinho descontroladamente, movo a cabeça e vejo minha irmã ao lado dela encarando o prato com a mesma fome que eu. Só os dois filhos do meu irmão estão ignorando a áurea tensa da casa.

-Ninguém está com fome?- meu pai pergunta normal.

-Como você faz isso com a sua própria filha.- minha mãe começa e sinto que algo vai acontecer.

-Eu tinha que fazer.- ele olha para ela.- Nossa sobrevivência está em jogo...

-Ele matou apenas um homem!- minha mãe bate a mão na mesa.

-E o próximo era a gente.- diz sério e minha mãe se encolhe.- Não vou esperar sentado alguém para destruir nossa família.

-Você que está destruindo ela.- minha irmã fala pela primeira vez.- Eles são ruins, são assassinos, como pode dar Giulia para eles....

-Era necessário!- levanta e todos ficam calados.- Vocês não entendem nada sobre isso, é por que eu estou no comando!- grita apontando para si.- Eu decido o que é melhor para nós e agora estou decidindo isso e vocês vão aceitar!

Até as crianças param de brincar.

-Você vai casar com ele.- meu pai fala comigo agora.- Você vai casar com ele, vai fazer o que ele disser e vai se comportar até eliminarmos Baggatti de uma vez.

-Eu prefiro morrer.- murmuro.

-Ainda prefere isso sabendo que todos nós vamos morrer juntos?- se aproxima de mim e travo o maxilar.- Precisa pensar na família, Giulia, entende isso?

-Eles vão me matar assim que vocês acabarem com a ameaça de Baggatti.- falo a verdade.

-Então se faça necessária, porque nem isso eu posso fazer por você.- diz e se vira para sair.

Todos na mesa parecem petrificados demais para falar alguma coisa, então minha mãe bebe o resto do vinho de uma vez e sorri para mim quando percebe meu olhar.

-Pelo menos os planos de casamento, a igreja e o vestido não vão ser inúteis.- diz falsamente alegre.

-Ah, mãe.- bufo me levantando.

-Retomo tudo com a organizadora amanhã...

-Amanhã eu não posso.- paro antes de sair sentindo aquele anel pesar como ferro na minha mão.- Papai quer que eu saia com o Castelli.

-Eu faço sozinha, até domingo vocês estarão casados mesmo.- ela afasta a franja dos olhos.- Deus proteja a nós.

-Deus proteja você.- Cristina murmura.

-Vamos, crianças.- a mulher de Maurício pega as crianças e sai da sala.

-Você sabia e não fez nada pra me ajudar.- cruzo os braços.

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