Giulia Romano
Espeto o garfo na cenoura cortada e apoio meu queixo na mão fechada sem a menor vontade de comer. Tudo está em um silêncio tão incômodo que preciso controlar minha respiração pra não sair muito alta.
Ergo meus olhos e vejo que minha mãe está tomando vinho descontroladamente, movo a cabeça e vejo minha irmã ao lado dela encarando o prato com a mesma fome que eu. Só os dois filhos do meu irmão estão ignorando a áurea tensa da casa.
-Ninguém está com fome?- meu pai pergunta normal.
-Como você faz isso com a sua própria filha.- minha mãe começa e sinto que algo vai acontecer.
-Eu tinha que fazer.- ele olha para ela.- Nossa sobrevivência está em jogo...
-Ele matou apenas um homem!- minha mãe bate a mão na mesa.
-E o próximo era a gente.- diz sério e minha mãe se encolhe.- Não vou esperar sentado alguém para destruir nossa família.
-Você que está destruindo ela.- minha irmã fala pela primeira vez.- Eles são ruins, são assassinos, como pode dar Giulia para eles....
-Era necessário!- levanta e todos ficam calados.- Vocês não entendem nada sobre isso, é por que eu estou no comando!- grita apontando para si.- Eu decido o que é melhor para nós e agora estou decidindo isso e vocês vão aceitar!
Até as crianças param de brincar.
-Você vai casar com ele.- meu pai fala comigo agora.- Você vai casar com ele, vai fazer o que ele disser e vai se comportar até eliminarmos Baggatti de uma vez.
-Eu prefiro morrer.- murmuro.
-Ainda prefere isso sabendo que todos nós vamos morrer juntos?- se aproxima de mim e travo o maxilar.- Precisa pensar na família, Giulia, entende isso?
-Eles vão me matar assim que vocês acabarem com a ameaça de Baggatti.- falo a verdade.
-Então se faça necessária, porque nem isso eu posso fazer por você.- diz e se vira para sair.
Todos na mesa parecem petrificados demais para falar alguma coisa, então minha mãe bebe o resto do vinho de uma vez e sorri para mim quando percebe meu olhar.
-Pelo menos os planos de casamento, a igreja e o vestido não vão ser inúteis.- diz falsamente alegre.
-Ah, mãe.- bufo me levantando.
-Retomo tudo com a organizadora amanhã...
-Amanhã eu não posso.- paro antes de sair sentindo aquele anel pesar como ferro na minha mão.- Papai quer que eu saia com o Castelli.
-Eu faço sozinha, até domingo vocês estarão casados mesmo.- ela afasta a franja dos olhos.- Deus proteja a nós.
-Deus proteja você.- Cristina murmura.
-Vamos, crianças.- a mulher de Maurício pega as crianças e sai da sala.
-Você sabia e não fez nada pra me ajudar.- cruzo os braços.
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Jogos de Máfia
RomanceAs famílias Romano e Castelli são brigadas há mais tempo do que qualquer pessoa pode lembrar, sempre houveram acontecimentos para uns culparem os outros. Mas agora uma ameaça maior chega na porta das duas famílias e eles devem se unir para acabar co...