Capítulo 8

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Giulia

Meus dedos apertam o buquê das flores e não encontro nenhum espinho nos caules, talvez minha mãe tenha mandado tirar para não ter nenhuma chance de eu me matar com algo afiado quando ela não estivesse por perto.

O problema é que tinha sempre alguém por perto, ou ela, ou minha irmã, ou Suzana. Isso já estava virando uma tortura para mim, elas me observando para eu não fazer nada de errado, não por mim, mas pelo acordo feito.

-Só mais alguns grampos e está pronta.- a cabeleireira explica enquanto prende meus cabelos.

-Você parece uma princesa.- Cristina me anima.

-Parem com isso.- digo apertando o buquê com força.

-Mas parece.- Suzana fala calma.

-Está tudo pronto.- a organizadora entra no cômodo.- Podem ir se organizando e...

-Eu quero só alguns segundos para falar com ela.- meu pai entra e todas ficam caladas.- Vai ser rápido.

Elas saem e ele me observa lentamente, estou me preparando para o que vai vir em seguida, mas com meu pai é quase como se tudo que ele pensasse fosse uma surpresa, nunca sei o que esperar de verdade, nunca dele.

-Você está linda.- ele diz sério.- Lembro quando fazia sua irmã brincar de casamento para carregar a cauda do vestido.

-Você pode desfazer isso.- digo baixo.

-Porque eu iria querer desfazer isso?- sorri.- Estou conseguindo tudo que eu quero.

-Tudo que você quer?- fico confusa.

-Mais pessoas para ir contra os Baggatti, mais força e munição.- mexe os ombros.- Mais poder.

-Por pouco tempo.- explico.- E depois?

-É isso que vim falar com você.- ele segura minhas mãos.- Esse casamento é válido pelo resto da sua vida, Giulia, você vai virar uma Castelli.

-Eu nunca vou ser uma...

-Vai sim.- assente.- Diante dos olhos de Deus e da lei.- ele acaricia minha bochecha.- Não vai ser mais minha filha, e sim esposa de Riccardo.

-Não quero isso.- falo desesperada.- Eu faço qualquer coisa, mas isso não, pai, por favor.

-São os sacrifícios que fazemos que nos tornam mais fortes.- ele segura meu queixo.- Depois de hoje, você está por conta própria, não vai poder voltar pra sua família.

-Eu sempre vou ser uma Romano.- franzo as sobrancelhas.- Sempre vou ter seu sangue, pai.

-Não depois de hoje.- ele me observa.- Seja inteligente.

-Eles vão me matar.- agarro a mão dele.- Você sabe, eles vão me matar assim que eu não tiver mais utilidade.

-Sim, eu sei.- ele respira fundo.- Mas ainda tenho Cristina.

Fico calada com as palavras dele e lágrimas rolam pelo meu rosto quando ele beija minha testa de forma carinhosa. Então segura meus ombros e sinto um arrepio assim que ele aperta como se fosse uma despedida.

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⏰ Last updated: Apr 12 ⏰

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