08 - O destino nos condenou a se amar

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"A verdade pode vir depois da tempestade, mas nunca vai poder curar o que a falta dela fez cair."

Layla Grinffin,

A dor de cabeça me desperta dolorosamente. Percorro meus olhos pelo quarto que ontem não me importei em saber onde estava, mas notoriamente pertence ao Damon. Ele, que não sinto mais na cama, me enrolando entre seus braços fortes, quase desesperado para não me deixar ir.

Uma nova oportunidade de escape surgiu e desta vez, não jogarei fora. Avisto a porta da saída logo a minha frente. Ela é preta e está ainda trancada. Damon pode está do outro lado me esperando o que seria estranho, levando em conta que ontem ele estava paranoico em me manter com ele. E agora não estou o vendo aqui.

Me levando com cuidado nas pontas dos pés, pronta para fazer dar certo dessa vez. Vou conseguir me livrar da confusão e desse lugar que não tem uma janela se quer para que me localize e crie hipóteses de onde estou.

Ouço um limpar de garganta ecoar junto a uma porta bater. Então me viro imediatamente para onde o barulho vem. Meu coração acelera, entrando em um medo instantâneo de não conseguir fugir.

Damon.

Estava fácil demais.

Ele está escorado na moldura de madeira preta da porta do banheiro do quarto. Damon está sem blusa, uma tolha branca amarrada na cintura, os cabelos molhados e bagunçados. O homem me olha com uma sobrancelha arqueada ao mesmo tempo que escova os dentes, me fitando de cima a baixo.

— Você consegue me pegar nessa distância se por acaso eu abrir um portal? —Pergunto mesmo sabendo a resposta, a minha chance acabou como gelo na terra quente.

Ele apenas assente com um balançar positivo no rosto. Damon se inclina um pouco para dentro do banheiro, mas o suficiente para manter os olhos em mim. Na pia de mármore ele termina sua higiene bucal me vigiando atentamente.

Eu não sou sua caça, Damon.

Ele poderia parar de me olhar como se a qualquer momento fosse me devorar viva.

Ele não diz uma palavra e o silêncio me incomoda. É como se sentisse falta da voz dele. Ontem percebi que ele gosta de falar, mas agora Damon está mudo.

Me sento na beirada da cama confusa, mas ao mesmo tempo, analiso o comportamento dele. Observo ele ir até o guarda roupa preto e alcançar uma blusa branca básica com uma calça moletom azul escuro. Ele me encara com as roupas em mãos, como se esperasse algo de mim. Então eu percebi. Como sou desatenta, ele vai vestir suas roupas e estou lhe encarando.

— Desculpa! — Estou envergonhada.

Me viro imediatamente. Agarro nas minhas próprias pernas e encosto o queixo nos joelhos. Ouvindo ele passar os tecidos das roupas em seu corpo cuidadosamente. Algo é espirrado e logo em seguida, consigo sentir a chegada do cheiro amadeirado leve e concentrado nas minhas narinas.

Esse é cheiro bom.

Parece nitidamente que o senti alguma vez na vida, mas não lembro quando.

— Oi. — A voz rouca dele ecoa no quarto, então me viro, mas ele está no telefone. — Tenho um trabalho para você.

Damon está passando os dedos entre os cabelos molhados. Ele direciona os fios pretos para trás, assim o homem percebe meu olhar sobre si e começa a me encarar no canto do olhar. Com os olhos vermelhos que prendem minha atenção. Ele sabe que me sinto irracionalmente perdida nele, então ele gosta de me desafiar. Os olhos como rubi parecem hipnóticos, um vermelho maravilhoso. As roupas agora o veste perfeitamente. Encaixam no corpo dele e destacam cada detalhe da sua fisionomia perfeita.

Chamas Do PurgatórioWhere stories live. Discover now