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- Ai, Giovanna! Vai devagar aí, ! - reclamei com dor.

- Cê pára de ser manhoso, zédendágua! - ela fala me repreendendo.

Nós estávamos na cozinha do meu apartamento. Eu estava sentado na cadeira, escorado no balcão, enquanto Giovanna, no meio das minhas pernas, tentava colocar gelo em alguns ferimentos no meu rosto inchado. Aquele desgraçado desferiu um soco no meu nariz. Não foi tão forte, mas fez estrago. Os seguranças nos alcançaram e tivemos que ir embora.

Nós viemos em completo silêncio no carro. Observei como Giovanna retorcia as mãos ao meu lado, ainda estava muito nervosa. Me senti envergonhado por agir daquela forma, mas quando ouvi aquele homem dizer aquelas palavras contra ela, apenas senti a necessidade de protegê-la. Cuidá-la. Amá-la.

Ela chorou silenciosamente o tempo todo durante o percurso até em casa. Agora, suas mãos tremiam tentando limpar os meus ferimentos com um algodão e soro fisiológico. Seu semblante parecia assustado e ainda há terror em seus olhos.

Segurei as suas mãos trêmulas.

- pára com isso, Giovanna! Se acalme! Eu não aguento te ver assim não, sá. - Ela olha para cima e respira fundo, tentando conter as lágrimas. - Ei! Olha pra mim! Me perdoa! Me perdoa! Eu não sei se foi algo que eu fiz, mas me perdoa. Me perdoa por tê-la levado naquele lugar, eu prometo que agora escolho melhor. Cê não precisa ficar com medo de mim, Gio! Eu não sou assim não, sá! Eu vi ele falando aqueles trem cocê e num guentei...

Eu tentava acalmá-la e entender o quê aconteceu e o quê estava acontecendo para deixá-la daquela forma.

- Não foi você, Alexandre! Não é ocê! Cê não precisa pedir perdão.

Ela volta a chorar e eu a puxo para mim, envolvendo-a em um abraço. Beijo o seu ombro tentando confortá-la.

- Quem é então, Gio?! O quê foi então?! Fala pra mim! Se não sou eu que tá te deixando assim, o que é?!

Quero entrar na mente dela. Quero desvendar os segredos dela. O quê é que tanto aflige esse mulher? Eu sei que há algo dentro dela que a oprime. Desde o dia no motel eu soube que existe algo que a perturba. Quero que ela tenha confiança em mim para abrir seu coração, mas depois da minha atitude hoje, não sei se ela vai ficar à vontade comigo. Em menos de vinte quatro horas, mostrei a violência que eu tanto tento arrancar da minha vida duas vezes.

No entanto, olhando para a Giovanna agora, vendo os seus olhos tristes, seja o motivo que for, quero protegê-la disso e a levar para longe de tudo que possa causar-lhe algum tipo de ferida.

- Não posso.

Foi a única coisa que ela conseguiu dizer enquanto me abraçava forte. Afago suas costas com pesar. Nós ficamos assim durante muito tempo. Se ela não estava à vontade para falar, então ao menos eu posso abraçá-la.

[...]

- Eu tenho um trem bão na geladeira procê. - Eu falo enquanto ainda estou abraçando-a.

Ela se afasta e me olha nos olhos sorrindo.

- É de comer?!

Eu também sorri quando a vi sorrir.

Ela não existe.

- É sim! É bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Cê gosta?!

- Nuh! - ela enxuga as lágrimas e me dá um tapa no ombro. - Cê tá brincando?! Eu amo bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Quando eu era pequena, minha mãe sempre fazia quando o tempo estava frio e chuvoso.

Soulmate Where stories live. Discover now