Giovanna
Tenho a sensação de que este momento está passando em câmera lenta. Nenhum de nós dois sabe qual é o próximo passo a se tomar.
Ele me olha em silêncio e eu devolvo o meu olhar para ele também em silêncio. Nós dois estamos ofegantes.
Apenas nossos olhos conversam. Não é preciso que as palavras saiam das nossas bocas para demonstrarmos o que sentimos.
Dizem que os olhos são a "janela da alma". Nossos olhares se escancararam, cruzam-se à medida que se compreendem.
Envolvem-se.
Incorporam-se.
Abraçam-se.
Conectam-se.Dou um passo em sua direção cautelosamente, pois aparentemente todos os nossos movimentos necessitam ser estritamente calculados. Como um caçador à espreita da presa. Qualquer passo em falso poderá afugentar esse momento.
Tomo a iniciativa de ir até ele e ele replica o meu movimento sem tirar os olhos dos meus.
Nós dois.
Nós dois juntos somos o equilíbrio perfeito.
Me aproximo ainda mais indo em sua direção e colocando a minha mão em seu rosto. Ele fecha os olhos.
- Alexandre, olha pra mim!
Eu o amo.
Ele abre os olhos fitando os meus.
- Eu não quero que você vá embora da minha vida!
Sem tirar os olhos dos meus, ele me pega no colo e fecha a porta. Entrelaço minhas pernas em sua cintura enquanto ele caminha me carregando pelo corredor em direção ao seu quarto.
Minhas mãos rapidamente buscam o seu rosto. Aproximo o meu rosto do dele para beijá-lo, mas ele não me beija. Observo ele franzir os lábios e olho para ele confusa.
Por que ele não me beija?!
Passo os braços ao redor do seu pescoço o abraçando. Minhas mãos acariciam os seus ombros e descem para as suas costas nuas. Sinto as suas cicatrizes e lembro da nossa conversa dias atrás.
Ele continua sem me beijar e esconde o rosto em meu pescoço, cheirando a minha pele.
Eu quero que ele me beije.
Eu quero que ele me ame.
Quando chegamos ao seu quarto ele me coloca delicadamente sobre a cama. Observo seu rosto e percebo uma expressão de temor nublando seus olhos.
Ele está com medo?! Com medo de quê?!
Me deito segurando o seu braço para que ele me acompanhe. Ele deita-se entre as minhas pernas e eu sinto o peso do seu corpo sobre o meu.
Meus olhos gritam, imploram, clamam por ele.
"Me beija, Alexandre, me beija." Meus olhos falam para ele.
Neste momento ele sustenta o peso do corpo em seus cotovelos e me observa, admirando cada parte do meu rosto.
E espera.
Espera por mim. Espera que eu corte a linha de limites que ele tanto tentou manter entre nós. Ele espera que eu derrube qualquer barreira que esteja em nosso caminho.
Ergo minha cabeça e dou um selinho tímido no canto dos seus lábios. Minha respiração curta denuncia o meu nervosismo. Eu ansiava tanto por este momento, mas agora a insegurança do que irá acontecer ameaça me invadir.
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