SMILE

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Alexandre

Acordo no meio da madrugada.

Estou com insônia.

Recordo as cenas de ontem à noite. Giovanna chorando até adormecer. Parece que quanto mais eu a abraçava, mais ela chorava. Decidi não fazer mais perguntas ou comentar nada a respeito do que ela estava sentindo. Esperarei o tempo dela, por mais que isso me inquiete e me faça ficar ansioso. Porque nesse momento, sem pista alguma do que seja, sinto que estou incapaz de fazer algo para ajudá-la.

Eu também me sinto confuso. Lembro da foto que a Karen tinha enviado para ela. Eu já tinha pedido desculpas e ainda assim ela parecia chateada, decepcionada. Melhor dizendo, insegura. Se ela ficou assim com apenas uma foto, imagina quando descobrir que a Karen foi minha namorada em um passado que eu desejo que fique adormecido. Puta que pariu!

Preciso esperar o momento certo para contar e definitivamente esse momento que estamos vivendo não é o momento certo.

Analisando um pouco mais sobre ontem, ainda não entendo como a Karen sabia onde eu e o Rodrigo estávamos. Ou como ela descobriu o número da Giovanna. Aquela mulher não se cansa. Depois vou tentar descobrir isso melhor. Talvez tenha sido aquela boca de sacola do Rodrigo que tenha aberto o bocão pra ela em algum momento da nossa reunião.

Olho para a Giovanna, adormecida ao meu lado na cama. Ela inspira e expira profundamente agora. Acaricio seus cabelos e faço um carinho em sua bochecha. O som da sua respiração se tornou o melhor som das minhas madrugadas. Quando eu acordo pelo costume rotineiro que meu relógio biológico já aprendeu e ouço sua respiração no quarto, meu interior se acalma. Seus dedos finos caem desajeitados pelos fios dos meus cabelos.

Sorrio olhando para ela.

Eu te amo, Giovanna.
Eu me apaixonei por você.
Eu te amo, porque todos os dias você desperta o amor que estava escondido em algum lugar dentro de mim.
Eu sei que você também me ama, Giovanna.

Não chamarei ela para o terraço hoje. Me preocupa o fato dela talvez estar doente. Ela parecia estar doente. Virose? Talvez. Ela reclamou de dor nas pernas, dor de cabeça, mal estar, estava apática e desanimada.

Me pediu para deixá-la sozinha. Mas eu não concedi isso a ela. Eu não consigo deixá-la sozinha. Eu quero estar com ela.

Agora que finalmente ela parece dormir tranquila, não vou acordá-la. Me aninho mais a ela e tento dormir com os meus pensamentos vagando.

[...]

- Vai, Alê, levanta! Nós vamos nos atrasar. - Ela me balança para que eu acorde.

Abro apenas um olho, sentindo o peso das horas em que fiquei acordado durante a madrugada.

- Gio, dez minutos só, por favor! - Eu a agarro, fazendo com que ela continue entre os meus braços.

Espero ela me dizer algo. Como está se sentindo hoje?! Eu havia passado um bom tempo da noite velando o sono dela. Estou com medo de que realmente ela esteja sentindo algo e não queira me contar. Giovanna parece ser o tipo de pessoa que esconde dores, guarda-as para si com o intuito de não incomodar os que estão ao seu redor.

- Nós vamos nos atrasar! Levanta, por favor, Zé! - Eu abro os olhos, ela está olhando para mim. Seus olhos parecem ter voltado a brilhar como antes. Ela parece estar mais relaxada. Eu me aproximo deixando um beijo rápido no canto em seus lábios. - Por favor, Alê, vamos...

- Cê tá melhor?! Tem certeza que quer ir?! Não quer deixar pra outro dia?! Eu te levo no médico hoje. Eu tô doido pra te levar no médico, fia.

Soulmate Where stories live. Discover now