PAST

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Alexandre

Entro no carro. Fico alguns minutos recapitulando o que aconteceu no apartamento da Giovanna. Por que tanto descontrole?!

Ela disse que me amava há algumas horas e hoje me trata dessa forma. Eu não entendo.

Sinto que suas atitudes já não têm mais ligação com o beijo da Karen. Outros motivos estão comandando a conduta dela. A postura dela, as ações dela, a voz dela, não pareciam ser de raiva, mas de tristeza, de medo, de fraqueza, de pavor, de receio.

Mas medo de quê?! Medo de quem?!

Não suporto a rejeição dela. Me habituei a estar sempre em seus braços, em seus afagos. E eu que tinha tanto medo da rejeição, hoje imploro pela sua presença e pelo seu amor.

Como eu vou conseguir satisfazer o pedido dela?!
Como eu vou conseguir me desacostumar com o que tínhamos construído?!
Como sair da vida dela se a vontade que eu tenho é de voltar àquele apartamento e arrastá-la comigo pra longe de todas essas inseguranças?!
Para longe desses medos e dessas frustrações.

Onde seja apenas nós dois, na nossa ilha da fantasia.

Sem ninguém ou nada para nos atrapalhar.

Mas infelizmente, venho descobrindo que amar é deixar o outro livre. Não posso forçá-la a me querer. Doi pensar nisso. O sentimento de rejeição me derruba. Meu peito arde em desespero. Me sinto como menino novamente, as memórias da minha infância me invadem. Estou revivendo palavras ditas contra mim. Na minha memória ressurgem sentimentos que me machucaram durante tantos anos.

Não quero ser um incômodo em sua vida, vou fazer a vontade dela. Vou concordar, não vou me impor. Não posso impor nada a ela.

Que eu sofra, mas que eu não tire a liberdade de escolha dela.

Que eu sofra, mas que eu não a sufoque com a minha insistência.

Que eu sofra, mas que não seja necessário que ela me mande embora novamente.

Que eu sofra, mas que ela viva em paz, se assim for sua vontade de fazer isso sem mim.

Se essa paz não incluir a mim, que eu sofra.

Não dá pra te esquecer agora, Giovanna!

Você disse que me amava ontem, eu ouvi!

[...]

Giovanna

Alessandra veio me visitar. Conto para ela tudo que ocorreu ontem.

A ligação. Alexandre. Pedro.

- Nuh! Não acredito nisso, sá! O que o Pedro disse quando finalmente cê atendeu?!

- Ah! - tento parecer descontraída - eu disse que cê tinha vindo buscar uma roupa que tinha me emprestado. Eu falei o nome do Alexandre, Alessandra, ele escutou.

- Cê me disse! Ainda bem que conseguiu driblar ele com a troca de nomes. Ele acreditou que tinha sido isso mesmo?! - ela pergunta com desconfiança.

- Ele entendeu.

Minto. Porque nem eu suportaria repetir o que tinha escutado naquela ligação.

- Menos mal então.

- Cê acredita que ele ainda está mentindo sobre estar em Portugal resolvendo algumas coisas da empresa?! Disse que volta daqui a duas semanas. O que eu vou fazer?! - coloco as mãos no rosto.

Soulmate Where stories live. Discover now