Corações Proibidos - A paixão secreta do médico

Capítulo 1

Não esquece de dar estrelinha e comentar. Mesmo que o wattpad muitas vezes não me deixe responder , leio todos e amo. 

Júlia

Nunca fui uma pessoa ansiosa. Sempre entendi que tudo tem o seu tempo. Minha avó materna, que era muito religiosa, costumava dizer que Deus sabe o momento exato para que as coisas aconteçam em nossa vida. Carinhosamente ela tentava nos ensinar que não era bom pular etapas. A pessoa paciente, aquela que espera o tempo certo das coisas, sempre recebe o melhor da vida. Às vezes não sabemos esperar e queremos algo antes do tempo. Ela usava a analogia da colheita, dizia que era como colher uma fruta antes de amadurecer, com certeza não terá o mesmo sabor doce do fruto maduro.

Suas palavras me ensinaram a ter paciência e não querer antecipar as coisas. Eu não sofria por antecipação. Era essa mesma avó que naquele momento estava me pressionando querendo saber quando levaria um namorado para ela conhecer.

— Desse jeito não vou conhecer um bisneto vindo de você, Júlia.

Revirei os olhos mentalmente, pois se ela me visse fazer isso me daria um sermão.

— Esqueceu que tudo na vida tem o seu tempo, vozinha?

— Conversa. O seu já passou faz anos. Tem que viver a vida, filha. Namorar, casar, ter filhos, não necessariamente nessa ordem. O bisneto pode vir sem o casamento. Já até aceito isso.

Segurei sua mão carinhosamente. Por ser a neta mais velha estava levando o fardo de ter que dar um bisneto. Minha avó só teve a minha mãe, não a culpava por projetar seu sonho de ser bisavó em mim. No fundo eu sabia que ela só queria me ver feliz, e para ela felicidade era construir uma família.

— Tem razão, vozinha, vou arrumar um namorado e seguir o curso normal da vida.

Ela beijou a minha mão e colocou sobre o colo.

— Lembra da Eleonor? Aquela amiga minha que o filho fez fortuna vendendo pão de queijo congelado?

— Lembro sim, o que tem ela?

— O neto dela estudou no exterior, está trabalhando com o pai e já aumentou ainda mais a fortuna dele. Ele é lindo, Júlia, tem a sua idade. A gente vai arrumar um encontro para vocês dois. Os filhos vão ser a coisa mais linda do mundo.

— Vó! — exclamei entre surpresa e chateada.

Minha irmã Carol chegou ao balanço do jardim onde estávamos e sentou praticamente pulando fazendo o brinquedo chacoalhar.

— Vocês duas, parem de fofocar. O pessoal está chamando para cantar parabéns.

Era aniversário do meu tio Theo, irmão do meu pai, e estávamos comemorando no sítio dele. Enlacei o braço no da minha avó deixando a história de querer me juntar com o tal neto da amiga dela para depois, minha irmã mais nova segurou no outro braço, e seguimos para dentro da casa onde estavam todos reunidos.

— Quer dizer que a vovó Lina quer te juntar com o riquinho neto da amiga dela? Adorei.

Minha irmã estava morrendo de rir da história que eu havia contado quando chegamos em casa. Estávamos nos preparando para dormir. Carol tinha o próprio quarto, mas gostava de ficar no meu. Adorava usar os meus produtos de beleza. Ficávamos conversando e assistindo TV na minha cama até tarde. Às vezes ela acabava dormindo comigo quando estava em casa.

— Pois é. Pode apostar que esse encontro vai acontecer uma hora ou outra — comentei.

Ela pegou o celular sobre a bancada da pia.

— Qual o nome dele?

— Acha que eu lembro?

— Ela disse que ele era filho do cara que fez fortuna com pão de queijo. Não é o tal do Getúlio Fontes?

— Carol, não vai fuçar a vida do homem, pelo amor de Deus.

Ela girou o celular mostrando a foto de um homem lindo sem camisa, de braços abertos no pôr do sol. Tinha que admitir, ele era mesmo bonito.

— O homem é tudo de bom, ao menos isso não vai reclamar.

— Como encontrou isso? — perguntei pegando o celular da mão dela e passando as fotos.

— Simples, vovó tem Instagram, a amiga dela também. Fui lá e tinha uma publicação que ela marcava o neto que estava voltando para o Brasil. Foi só ir ver o perfil dele que é aberto. É isso. Se você não quiser eu aceito o casamento forçado sem problema.

Devolvi o celular para ela que continuou stalkeando o rapaz.

— Vou dormir, amanhã tenho que sair bem cedo para o hospital. E você pare de pensar em caras e concentre-se nos estudos.

Minha irmã havia se esforçado muito para passar em medicina. Já havia tentado algumas vezes antes, mas só passava em universidades que ela não queria. Ela passou em Alfenas e foi embora para lá, mas não está conseguindo ficar longe da família. Ela é muito apegada aos nossos pais, nós duas somos, por isso eles resolveram mudar para lá, a pedido dela.

— Está bem, vou ficar aqui admirando o seu pretendente.

Revirei os olhos e joguei o travesseiro nela. Se você soubesse que minha mente já estava ocupada por um certo médico. A verdade era que eu precisava parar de ficar sonhando com o impossível.