Capitulo 11. De volta pra casa

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Los Angeles, EUA.

Uma vez alguém me disse que o dinheiro não trazia felicidade, e eu respondi que a falta dele também não. Foi a última coisa que eu lembro ter dito para o meu companheiro de cela um dia antes de receber a visita de Alex na prisão. Desde então aprendi na pratica que o dinheiro de fato não trazia a felicidade, mas ele era sim, um meio para chegarmos a ela. E eu me perguntava, caramba... Hoje eu tinha tudo o que o dinheiro poderia comprar, será que eu estava realmente feliz? E a resposta era sim, eu estava. Não porque minhas contas bancárias estavam estouradas mais era como se não houvesse limites para o meu alcance.

Porém existia uma coisa sobre o dinheiro que muitas pessoas não contavam. Ele era algo extremante viciante. Como uma droga cruel que entrava na sua cabeça e fazia você pensar que não importava o quanto você tivesse, nunca era o suficiente. E mesmo que sua vida dependesse disso você levaria até as últimas consequências para conseguir mais, como por exemplo, levar um tiro. Era aí que morava o perigo.

Sentado sobre uma mesa de aço prateado, meu rosto estava virado na direção oposta de onde Alex terminava de finalizar o curativo em meu abdômen. Estávamos no QG do seu apartamento, quase quarenta e oito horas depois dos acontecimentos em Mônaco. E tudo o que eu sabia era que ainda estava vivo.

– Já acabo!

– Quase lá. Falta só mais um... – disse concentrada. Fiz careta de dor quando senti a agulha atravessar minha pele mais uma vez e fechar o último ponto. – Terminei. Agora só falta higienizar e enfaixar. – Alex se levantou e colocou a tesoura manchada de sangue dentro de um recipiente com água.

Tinha o semblante preocupado mais satisfeito com o trabalho que havia feito. Olhei para o ferimento em meu abdômen. Uma linha reta de poucos centímetros fechada com cinco pontos quase imperceptíveis ao olhar. No fim das contas não foi um preço muito alto a pagar, perto do que conseguimos lucrar com esse serviço. Um sorriso cruzou meus lábios.

– Uma cicatriz de milhões, não?. – Olhei divertidamente para Alex, que por sua vez pareceu reprovar meu comentário.

– Não tem graça William. Você tem sorte de só ter levado um tiro de raspão. – disse pegando um vidro de álcool em cima da mesa e o derramando sobre um pano branco que segurava na mão.

– Devia ter visto sua cara quando me viu saindo do elevador e com as mãos encharcadas de sangue. Você ficou dizendo Ai meu deus! Você foi atingido! Você foi atingido! – zombei quando Alex de repete pressionou com força o pano encharcado de álcool sobre o meu ferimento.

– AU!

– Não parece tão engraçado agora. Parece? – disse com um leve resquício de satisfação em seu rosto.

– Não... – respondi fazendo careta de dor.

– Bom. Agora segura e pressiona. Vou pegar algumas ataduras no meu closet.

Acatei sua ordem a contragosto, lhe vendo sair rapidamente do QG. Já passavam das três da madrugada e a paisagem noturna de Los Angeles se mostrava grandiosa através das janelas panorâmicas do apartamento, o brilho ofuscante que emanava das luzes da cidade chegava a iluminar o próprio céu, destacando as montanhas ao longe que se erguiam no horizonte como gigantes colossais. Em contraste a paisagem, eu podia ver a mim mesmo refletido do lado de dentro do vidro, sentado sobre a mesa.

Tinha perdi a conta de quantas vezes já estive nesse mesmo lugar, olhando para essa mesma paisagem, enquanto Alex cuidava dos meus ferimentos, como uma irmã mais velha cuida do irmão caçula que machucou o joelho. No fundo eu sabia que era mais difícil para ela do que para mim, afinal Alex era muito protetora, e mesmo assim, quase nunca interferia nas minhas ações em campo, mesmo que por ventura eu viesse a me machucar.

A arte de ser um ladrão. (Dark romance gay) [PAUSADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora