Como Essa e Como Antes

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Lá do Pará, você veio de longe
Me fazendo sentir como um menininho,
Com seu jeito de gente boa,
Como que se eu pudesse, de novo, mandar
Naquelas brincadeiras da rodinha,
Sendo o líder ou titular,
Para esses jogos de criancinha,
Mas isso, por contrário que seja
Não me faz me sentir
De um adolescente irresponsável,
O dono do mundo,
Ainda que com palavras bonitas,
Mas inconsequentes,
Guardadas num soneto no coração,
Eu transborde uma ode pelos espaços
Da minha boca de bobão
Toda vez que seu sorriso amável
Me deixa encantado
E o charme mais apaixonável
Me deixa completamente atorduado,
Sinto que deveria te dizer
Todas as ideias sublinhadas,
Em caixa alta
E em negrito
Que escrevi como história
Pra você,
Talvez na forma de uma música
Que ainda não sei como acabar,
E fico escrevendo linhas e mais linhas
Com mais de cem anos
Linhas meios tortas,
Que apago e escrevo,
Rasgo até a folha
E o papel me sorri pra baixo
Com o corte inacabado
Me pedindo para colá-lo
E mostrar que essa história tem cicatriz
E que é velha
E por isso, é perfeita
Apesar da minha imperfeição
E da sua outra metade de imperfeição
Acho que, assim, sinto
Um sentimento brega em uso
Mas imortal de tempo
Daquelas que a gente mente pra isso
Tantas vezes que acredita,
Como uma verdade conformada,
Só pra dizer que ama
E que vai ser assim
Mesmo que o corpo suma,
A alma seja esquecida,
O papel seja reciclado
E um novo menininho escreva
Uma história rasurada e rasgada
Como essa e como antes foi.

Poemas de Fundo de GarrafaWhere stories live. Discover now