A Marca Negra - Theodore Nott

34 - Sombra Hereditária

Sentados confortavelmente no dormitório da Sonserina, cada um de nós mergulhado na leitura dos livros que tínhamos arriscado tanto para obter, o silêncio era interrompido apenas pelos sons de páginas sendo viradas e comentários esporádicos. Draco, sentado ao lado de Theodore, parecia particularmente absorto em um trecho antes de olhar surpreso para mim.

- Não sabia que o seu pai era tão... criminoso assim, Anya, - ele comentou, um tom de descoberta misturado com cautela em sua voz.

Mattheo, que estava ao meu lado, não pôde conter uma risada, claramente achando graça na reação de Draco. Theodore e eu viramos para ele.

- Desculpe, mas... é engraçado. A gente é chará, Anya. Seu pai é um criminoso e o meu, um assassino. - Mattheo, ainda rindo, disse. - Fiz uma careta diante do comentário dele, que, percebendo que ninguém mais achava graça, revirou os olhos e murmurou - Vocês são tão entediantes.

- Parece que Grindelwald era bastante próximo de Dumbledore. - Theodore disse voltando a focar no livro que tinha em mãos, mencionou algo interessante.

- Este livro diz que Grindelwald queria montar um exército para a comunidade bruxa toda. É como se ele quisesse derrubar o Ministério. - Draco concordou, acrescentando, e eu suspirei, pensativa.

- Isso pode ter algo a ver com o fato de eu ser filha dele, - murmurei, tentando conectar os pontos.

Mattheo, limpando a garganta, apontou para uma parte do livro que eu estava segurando.

- Olha, diz aqui que Grindelwald queria algo maior, não apenas um exército. - ele falou.

- Ta mas, o que isso tem haver com o fato de eu ser filha dele? - curiosa, perguntei a Mattheo como isso se relacionava comigo ser sua filha.

- Pode ser que Grindelwald não quisesse apenas mudar a estrutura do poder mágico; talvez ele quisesse preparar o caminho para alguém que pudesse continuar seu legado... alguém como você, Anya. Sua herança poderia ser parte de um plano maior, não apenas descendência, mas um símbolo ou até mesmo uma peça-chave em um novo movimento que ele pretendia iniciar. - Mattheo se inclinou para frente, teorizando.

Essa ideia me fez pausar, considerando a enormidade do que isso significava. Não apenas ligada por sangue a um dos bruxos mais notórios, mas potencialmente central para seus planos inacabados. A teoria de Mattheo adicionava uma camada de medo que eu ainda precisava compreender totalmente.

Theodore assentiu, impressionado com a profundidade da análise de Mattheo.

- É uma boa teoria, realmente faz pensar sobre as intenções de Grindelwald. - Theodore diz patucando os dedos nos livros.

Draco, com uma expressão pensativa, se voltou para mim, a dúvida clara em seu rosto.

- Mas por que Anya? Se Grindelwald nunca foi próximo dela, nem mesmo demonstrou amor paterno, por que ela seria tão importante para seus planos? - Ele perguntou olhando para nós.

Mattheo olhava o livro e desviou o lhar para Draco, e se inclinou ainda mais para a conversa.

- Pense bem, Draco. Grindelwald era um estrategista, não um pai amoroso. Talvez ele nunca tenha buscado uma conexão emocional com Anya. Ela poderia ser mais como uma peça do plano, uma herdeira não apenas de sangue, mas de um legado de poder. Ele talvez visse em Anya uma oportunidade de perpetuar suas ideias, alguém moldado não pelo amor, mas por um propósito maior.

- Além disso, - Mattheo continuou, - se Grindelwald realmente acreditava que estava à frente de seu tempo, ele poderia ter previsto a necessidade de alguém continuar seu trabalho após sua eventual queda. Anya, sendo sua descendente direta, seria perfeita para isso. Ela é o elo entre o passado de Grindelwald e um futuro que ele nunca poderia ver, mas esperava influenciar.