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Melie Silva
Domingo, 08:20

Acordei bem cedinho, na verdade mal dormir. Fiquei virando de um lado para o outro pensando na noite que começou perfeita  acabou em caos, um que se soubesse que aconteceria por apenas preocupação e amor eu não teria aberto minha abençoada boca.
Hoje teríamos um almoço caprichado, já havia falado com minha mãe planejando algumas comidas, em vez disto estava terminando de arrumar minha mala.

– Melie? – três batidas na porta antes de abrir.– Você está bem? Te vi vindo embora ontem na pressa

– Oi Hugo, bom dia – lhe dei um meio sorriso.– estou sim, só preciso ir logo para casa

– Aconteceu alguma coisa com a Vic?

– Nada demais. Só minha cota que estourou por aqui, preciso organizar umas coisas de trabalho também, me sinto parada demais

Ele colocou as mãos nos bolsos da calca moletom, concordou sentando-se na beira da cama me observando colocar uma última peça de roupa na mala antes de fechar e colocá-la no chão. Respirei fundo para recuperar minha força de engolir qualquer lágrima que quisesse vir quando eu saísse lá fora.

– Minha mãe já levantou?

– Já sim, seu pai saiu mas ela estava na cozinha fazendo o café da manhã quando subi aqui

– Certo. Vou me despedir dela para pegar a estrada, você quer pegar carona?

– Não vai nem tomar café? Desde que conheço por gente não nega nenhuma comida. Brigaram mesmo?

Apenas assenti, ele apareceu entender que não queria falar sobre já que apenas levantou vindo até mim para me dar um abraço breve, foi rápido mas bom naquele momento eu só queria minha irmã. Saímos do quarto indo direto para cozinha onde Sara ainda estava perto do fogão mexendo algo na panela, afastou-se virando para mesa, foi quando nos avistou.

– Bom dia mãe, estamos indo

– Mas não vão nem comer?

Ela secou as mãos no pano de prato, parecia estar sem graça, seu semblante cansado talvez por ter bebido ontem ou também pode não ter dormido.

– Estou sem fome. – me aproximei dela e lhe abracei.– se cuida dona Sara, acima de qualquer coisa te amo, pode me ligar quando quiser

Disse perto de seu ouvido, deixei a mais velha se falar com Hugo e sai antes que chorasse tudo que me ficou preso, essa mania de engolir qualquer sentimento ainda vai me fazer mal. Joguei a mala no banco traseiro do carro, dei a volta e sentei no banco do passageiro esperando o moreno, ele franziu o cenho quando me viu ali.

– Ué, não vai dirigir?

– Não acho que estou muito bem para isso, sabe dirigir né?

– Me acho melhor em moto, mas vou sim

Lhe entreguei as chaves deixando todo resto com o rapaz, coloquei o cinto de segurança me recostando no banco tentando relaxar ao fechar meus olhos recebendo o sol fraco da manhã, o dia começou a nublar quando estávamos chegando em casa e agradeci por isso, pode ser estranho mas me sinto mais confortável em dias assim.

Subimos até o andar destinado, todo o trajeto foi silencioso mas confortável, Hugo não me encheu de perguntas e a todo momento me mostrava que estava ali caso quisesse conversar, ele me comprou chocolate quando paramos para abastecer, fez carinho em minha mão e me emprestou seu casaco. Corri para Victória no sofá depois de Kaique abrir a porta

– Lie? Mas você não vinha só amanhã?

Ela não me afastou, me acolheu num abraço apertado mas parecia confusa, afundei meu rosto em seu pescoço deixando apenas algumas lágrimas saírem.

Sal e pimenta  || VeighWhere stories live. Discover now