13 - Sonho lúcido

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Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Esta lembrança
É o quadro que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito
Tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
(Belchior)

Já faz tempoEu vi você na ruaCabelo ao ventoGente jovem reunidaNa parede da memóriaEsta lembrançaÉ o quadro que dói maisMinha dor é perceberQue apesar de termos feitoTudo que fizemosAinda somos os mesmos e vivemosComo os nossos pais(Belchior)

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Gahee deixou a sala de cirurgia derrotado, o homem não resistiu, teve uma parada cardíaca e veio a óbito depois de cinco horas de cirurgia.

Ele caminhou para fora se livrando das roupas, luvas, e máscara, tudo aquilo o sufocava, e o cheiro bastante característico de sangue com objetos esterilizados já começava a dar náuseas em seu estômago vazio.

O alfa lupus carregava uma expressão de grande tristeza, parecia transtornado, as bolsas de olheiras eram evidentes, e seus lábios rachados estavam pálidos. Ele fechou os olhos respirando fundo e apoiando as mãos na pia onde os médicos higienizam as mãos e braços antes de entrar na cirurgia.

O doutor Cheng veio e parou ao seu lado, Gahee apertou mais os olhos fechados, desejando que a insistente dor de cabeça que sentia lhe desse uma trégua:

— Você está bem? — Disse o homem, olhando para o mais jovem. 

Gahee respirou fundo, apertou as mãos no mármore branco da pia, e finalmente abriu os olhos para se virar e encarar seu superior:

—- Por que você me escolheu pra essa cirurgia? — Ditou por fim. Não era nada correto questionar seu superior direto daquela forma, mas ele precisava saber, não entrava em sua cabeça que Cheng fez aquilo somente para o atormentar, não havia motivos para isso.

— Eu não era o mais apto — Continou Gahee — Nem o mais preparado, eu estava exausto, e foi minha culpa ele ter morrido

— Não, não foi — Disse Cheng calmamente

— Foi! Eu sei que foi, se tivesse escolhido um dos outros residentes que estavam mais descansados, ele teria sobrevivido… a-as minhas mãos… elas tremeram e-

— Você era o mais indicado no momento.

Gahee franziu o cenho consternado:

— Você está me punindo? 

Cheng parou e o olhou com a maior expressão de desprezo que conseguia ter em seu rosto enrugado pela idade: 

— Como é que é? O que está insinuando? 

Gahee engoliu em seco e piscou atônito, de repente se dando conta do que havia acabado de insinuar:

— Sou um médico de cinquenta e um anos com vinte e sete de profissão, sabe o que é isso? 

Somos Três II - Serendipidade • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora