Prólogo

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Território Celenial

Castelo da Alvorada

Observei do Trono de pedra branca o macho feérico curvar levemente a coluna da fêmea de anjo à minha frente. Réquiem se posicionou atrás dela e suas mãos deslizaram pela sua pele pálida, saboreando, enquanto ele arqueou lentamente a sua bunda nua para cima e deslizou para dentro dela.

Mexi o cálice de vinho feito de cristal em minha mão esquerda, girando o líquido vagarosamente lá dentro.

— Erga as suas lindas asas para mim, meu amor — Réquiem pediu melódico.

O feérico gemeu ao se introduzir com um impulso firme na fêmea, e as asas brancas da anja se arquearam para cima e tremularam conforme o pau dele deslizou. Luxúria rastejou em seus olhos que se reviraram enquanto ele a preenchia. Seus corpos ondulavam em sincronia, perseguindo o prazer.

Sons profanos ecoavam pelo átrio.

— Anjos de verdade não vão para Hell Farrar — informei enquanto dei um gole profundo no vinho.

E o tecido elegante das minhas roupas brancas se mexeu. Meus olhos passearam pelo salão enquanto corpos ofegantes se moveram.

— O Abismo é a mentira mais rentável da história. Controla as massas como ninguém. Medo e culpa. Pecado e perdão. Eles amam e defendem os seus algozes... — sorri. — Eu acho incrível.

As almas presentes concordaram. Uns deitados em divãs, outros em almofadas no chão. Alguns pelos cantos das paredes, nas alcovas escuras entranhadas na parede que lhes davam alguma sensação de privacidade. Gemidos escovam pela sala enquanto corpos estalavam.

Suor.

Prazer.

E pecados.

Tudo estava unido. Almas gerando energia primal suficiente através de transgressões para selar para sempre a entrada para os portões de Céu Fain e abrirem por um tempo os portões de Hell Farrar. Meus lábios se curvaram para cima, satisfeito.

Ergui a taça de vinho.

— Pequem, meus filhos! Pois o pecado é doce como o mel. E eu não vou lhes julgar.

Um corvo branco contemplou o espetáculo profano abaixo, do lustre do teto, observador. E um corvo negro estava empoleirado no recosto do Trono Branco, próximo ao meu ombro esquerdo.

Os gêmeos analisaram cada detalhe da festa, seus olhos afiados atentos a tudo.

Uma fêmea feérica engatinhou até mim, sedutora, parando entre as minhas pernas. Suas mãos subiram lentamente das minhas coxas até o cordão da calça branca. Com as unhas pintadas de vermelho, ela puxou o cordão, devagar, me liberando e me segurando entre os dedos macios.

Então, desceu a boca em mim.

Segurei seus cabelos loiros com a mão direita enquanto ela me chupava ambiciosa. Joguei minha cabeça para trás, recostando-me na pedra do Trono Branco. Meus cabelos negros como a noite se mexeram e meus olhos verdes — olhos verdes demais — se reviraram para cima. Os cabos de minha alimentação conectados em minhas costas se moveram.

— Isso, querida. Eu gosto assim... — Me enfiei mais no fundo.

Ela sorriu satisfeita com os lábios ao meu redor, enquanto desceu a boca mais profundamente sobre mim. Mexendo a língua dedicada. Ao meu lado esquerdo, alguém sorriu. Um sorriso malicioso diante da cena aos meus pés. O macho de cartola preta alisou cobiçosamente a cabeça de um cachorro escuro, enquanto os outros ficaram obedientemente deitados aos seus pés.

A fêmea trabalhava sedenta em meu pau, como se fosse extrair energia primal de mim através dele.

Ou Queima Luz.

O corvo em meu ombro grasnou baixinho, alertando-me.

Eu virei o rosto, e mais um macho passou por uma porta ao lado direito do Trono. Ele portava armas afiadas e trajava roupas pesadas para enfrentar o frio. Enquanto isso, outra fêmea rastejou para mais perto do Trono, tentando chegar até mim.

Eu toquei sua face com a mão direita e alisei sua bochecha com o polegar. A que trabalhava em mim sibilou com ciúmes por dividir a minha atenção.

— Há o bastante de mim para as duas — eu sorri e me enterrei mais fundo em sua garganta enquanto comecei a latejar até me derramar em seus lábios.

O orgasmo vazou da minha pele em espasmos.

— Você tem uma língua boa, querida — ela ronronou enquanto me engoliu.

A segunda fêmea se aproximou, mas não em buscava de prazer. Ela queria... outra coisa.

— Um pouco mais, Vossa Escuridão — ela pediu, e era quase um gemido de súplica. Sua garganta estava seca, sem ar. Suas pupilas dilatadas. — Só um pouco mais — ela dizia ansiosa. Arrastei meus dedos pelos seus lábios, e veias negras se ramificaram em sua pele. Seu corpo estremeceu, e ela gemeu, obtendo outro tipo de êxtase.

A luz se apagou em seus olhos conforme uma dose de Queima Luz entrou em seu sistema.

Ela ronronou baixinho, escolhida, apreciando.

O macho caminhou por entre os corpos em movimento, sem ser afetado pela visão lasciva, e parou diante do Trono Branco, estendendo a mão. A segunda fêmea suspirou insatisfeita quando afastei as mãos de seu rosto e interrompi sua alimentação. E a primeira aos meus pés engoliu tudo que saiu de mim, lambendo os lábios carnudos.

Ergui a mão direita para ele. O macho a segurou e pressionou um beijo nas costas dela, se curvando profundamente.

— Ela passou da Primas One, Vossa Obscuridade.

Ele ergueu o olhar castanho para mim à medida que me informou e sorriu, malicioso, enquanto dizia:

— Finalmente.

Ergui a taça de vinho para o alto mais do que satisfeito.

— Hoje é um dia de celebração, meus filhos! Os celenials vão recuperar a sua glória.

Entoei para a multidão, e os gemidos de prazer se elevaram em comemoração. Tapas ecoavam enquanto corpos colidiam. Retornei meu olhar para o macho que ajustava uma espada na lateral da cintura, e o corvo negro as minhas costas o observou atentamente. Seu gêmeo no lustre se inclinou para frente. Mas não havia com o que se preocupar aqui.

Um dos cachorros do macho ao meu lado — Breu — se posicionou atrás de Argos, pronto para o seguir até o fim do mundo.

Fitei o macho à minha frente.

— Você é o meu melhor caçador, Argos. O melhor Navegador de Estrelas. Em quem confio cegamente.

Ele abaixou mais a cabeça em submissão total.

—Traga a garota para mim.

O Festim dos OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora