41.Selene

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🇮🇹 Florença, Itália 🇮🇹

Por um momento meus ouvidos desligam, não ouço mais nada, apenas a informação delicada e recém dada se repete em minha mente como se fosse um disco raspado.

A senhora está grávida.
A senhora está grávida.
Grávida...

Lanço os papéis para longe e levanto o olhar para o médico que me olha meio aflito.

— Faça-os de novo, o resultado está errado. — Digo-lhe.

— Senhora, garanto que os resultados estão cem por cento certos. — Abano a cabeça em negativa.

As lágrimas voltam.

Uma criança?
De Lúcio?

Começo a soluçar sem saber o que fazer, meu maior pesadelo.

— Não está feliz, querida? É o nosso primeiro filho. — Lúcio diz. Mal o encaro apenas assinto.

— São lágrimas de felicidade tenho certeza. — O médico diz tentando amenizar a situação.

O que eu esperava? Lúcio sequer usava camisinha, um momento isso ia acontecer.
Mas ainda assim dói, dói mas que a surra que Lúcio me deu. Dói no fundo da alma.

— A senhora está grávida de um mês e meio. — Como não percebi? Estava tão ocupada vivendo esse inferno que nem me dei conta que minha menstruação não veio.

— Os senhores terão que se encaminhar à clínica para exames mais detalhados. — Lúcio é quem comanda a conversa, eu estou aérea. As lágrimas só rolam.

Depois de um tempo, apenas ouço a porta ser fechada. O médico saiu.

Ficamos apenas eu e Lúcio no quarto.

Ele se abaixa na minha frente e levanta meu rosto pelo queixo. As lágrimas rolando pelo meu rosto, minhas mãos tremendo, é o fim.

— Vamos ter um filho! — Imagine cem facas te perfurando, é o que sinto agora com suas palavras.

— Lúcio... — Começo cheia de cólera. Ele estragou a minha vida.

— Vamos ser felizes. — Ele diz e vejo um brilho que nunca vi em seus olhos.

— Lúcio... — Chamo de novo, sem sucesso.

— Um herdeiro, porra, um herdeiro! — Ele diz todo emocionado.

— Não quero ter essa criança. — Declaro nervosa e com uma faísca de felicidade por estragar uma coisa que ele estava tão animado. Quase me contorço de felicidade quando sua expressão muda.

— Isso não está em questão. — Ele diz ríspido como sempre. E acabou, não estou mais feliz.

— Lúcio, quer essa vida para essa criança?

— O que quer dizer com isso? — Ele se aproxima de mim. De repente parecendo maior do que é, me sinto minúscula na cama.

— Não sabe como vivemos? — Me exalto um pouco.

— Você e eu somos casados, e agora vamos ter um filho, vamos ser uma família e é assim que vamos viver de agora em diante, como uma família. — Ele diz entredentes, percebo que aperta os punhos, possivelmente para não me surrar.

— Nós nunca seremos uma família, Lúcio. — Respiro fundo meus olhos embaçados. — Você me bateu, me bateu grávida! Você é um monstro. — Antes que ele faça qualquer coisa, passo por ele saindo do quarto.

Ouço-o socar a parede e respiro fundo limpando as lágrimas com raiva.

Com um filho não terei chance nenhuma de fugir de Lúcio, estarei para sempre presa à ele, para sempre.

— AMANHÃ IREMOS À CLÍNICA. — Sua voz reverbera pelo corredor mas não respondo, sigo meu caminho até aos jardins.

 — Sua voz reverbera pelo corredor mas não respondo, sigo meu caminho até aos jardins

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