60.Selene

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🇮🇹 Florença, Itália 🇮🇹

O ar no corredor parecia mais frio, mais pesado do que no quarto forte. O metal das paredes refletia a luz pálida de lâmpadas distantes, criando sombras distorcidas à nossa volta.

Meus pulsos doíam sob o aperto firme dos homens mascarados, mas minha mente estava em um turbilhão tão intenso que a dor física mal se registrava.

Luce...Ela tinha arquitetado isso desde o início? Minha mente recusava-se a aceitar, mas o sorriso dela me perseguia, me sufocava.

Cada vez mais, ficava claro que eu nunca estive no controle. Estava presa em uma teia, e ela, minha suposta amiga, tecia os fios ao meu redor desde o início.

Enquanto eu era levada por corredores que pareciam infinitos, os sons da batalha lá fora se tornaram cada vez mais distantes.

Onde eles estão me levando? Não havia tempo para pensar, apenas para tentar controlar a tempestade dentro de mim. A cada passo, Seline e Max se mexiam dentro de mim, como se soubessem que algo estava errado. Eu estava com medo, sim, mas não por mim. Por eles.

— Por favor, parem. Meus filhos... — Minha voz saiu mais fraca do que eu queria, quase um pedido desesperado.

Os homens não responderam, nem diminuíram o ritmo. A sensação de impotência era esmagadora. Minha única esperança era Lúcio.

Ele viria me buscar. Ele sempre sabe onde eu estava.

O corredor terminou abruptamente em uma porta simples de aço. Um dos homens, o que tinha falado comigo antes, puxou uma chave do bolso e a inseriu na fechadura. Quando a porta se abriu, revelou o lado de fora de casa, um carro preto grande nos esperava. E não tardou que eles me empurrassem para dentro dele.

Os vidros eram escuros demais, me impossibilitando de ver o lado de fora ou o caminho que estávamos trilhando.

Meu coração palpitava fortemente quando o carro parou subitamente. Os mesmos homens me fizeram descer do carro e me guiaram até um galpão. Quando a porta foi aberta, a luz do outro lado quase me cegou.

Fui empurrada para dentro, cambaleando, até conseguir recuperar o equilíbrio. Meus olhos levaram alguns segundos para se ajustar, e o que vi me fez engolir em seco. O galpão era maior do que eu esperava, decorado com móveis de luxo, um contraste gritante com os corredores frios e metálicos de onde viemos.

No centro, um homem de cabelos grisalhos e olhar severo me esperava sentado em uma poltrona de couro preto.

— Selene Coppolo. — Ele disse, sua voz carregada de autoridade e uma pitada de satisfação. — Finalmente nos encontramos.

Reconheci o sotaque antes mesmo de processar suas palavras. Máfia Francesa. O medo em meu peito cresceu.

— Quem é você? — Minha voz soou mais firme do que eu sentia.

O homem se levantou, caminhando em minha direção com passos lentos e calculados.

— Sou Louis Gales, Consigliere da máfia francesa. E você, Selene... é uma de nós.

A revelação bateu com força. Uma de nós? O que isso quer dizer?

— Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto! — Respondi com mais força do que pretendia, tentando manter minha postura firme, apesar do terror crescente.

Ele sorriu, mas não era um sorriso amigável.

— Não há nenhuma brincadeira aqui, Selene.

— Meu pai era Italiano e minha mãe Sul Africana.

— O sangue que corre em suas veias, minha cara, é o mesmo que corre nas minhas. Você é uma Bernier, herdeira legítima do império que estamos protegendo. E hoje, chegou o momento de você cumprir seu papel.

Meu coração disparou. Tudo começou a se encaixar de uma forma sombria e cruel. Eu não era apenas um alvo. Eu era a chave para algo muito maior.

— Eu... eu não quero nada disso. — Murmurei, recuando instintivamente.

Louis parou a poucos centímetros de mim, seu olhar firme cravado no meu.

— Não se trata do que você quer, Selene. Se trata do que você deve fazer. Não fuja do seu destino. Sua vida ao lado de Lúcio, seus filhos... tudo isso foi um desvio. Agora você voltará ao caminho correto.

Antes que eu pudesse reagir, um dos homens atrás de mim me puxou novamente, e outro entrou na sala carregando uma mala grande e pesada.

O conteúdo foi despejado no chão: armas, documentos, e... passaportes.

Louis inclinou-se, pegando um dos passaportes e me estendendo.

— Você está voltando para a França, querida. E desta vez, não há mais como escapar.

Minhas mãos tremiam ao pegar o passaporte. Selene Bernier. O nome que estava gravado me fez engolir em seco. Eu sabia que não tinha escolha.

 Eu sabia que não tinha escolha

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