🇫🇷 Nice, França 🇫🇷
O silêncio no quarto era ensurdecedor. Minha mente estava dividida entre o passado e o futuro, tentando entender como cheguei a esse ponto. As lembranças de Lúcio me consumiam. Tudo o que vivemos. Agora parecia distorcido por essa nova realidade.
Ele não sabia quem eu era, mas sua família matou meu pai.
Seline e Max. Tudo o que eu fazia, tudo o que enfrentava, era por eles. Meus filhos, que carregavam o sangue Caccini e Bernier, estavam no centro dessa guerra, mesmo sem saber.
E o que aconteceria quando eles descobrissem? Não poderia evitar que essa verdade os alcançasse. Um dia, eles saberiam quem eram, de onde vieram, e a batalha que pairava sobre nós.
Mas agora, eu precisava tomar uma decisão. Voltar para os Caccini e fingir que nada mudou?
A ideia me causava náuseas. Como eu poderia encarar Lúcio novamente, sabendo o que sei? Fingir amor enquanto a raiva crescia em meu peito? Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que Frederic estava certo. Eu tinha uma posição única — dentro da família Caccini, perto do coração de Lúcio — e poderia usá-la para vingar a morte do meu pai.
Vingança. A palavra pairava no ar, pesada e implacável.
O que ela me custaria? Sacrificar minha própria alma para destruir aqueles que destruíram minha família? E Lúcio... o que eu faria com ele? Ele não estava diretamente envolvido na morte do meu pai, mas fazia parte da mesma teia de mentiras e sangue.
Caminhei lentamente até a janela, olhando para o horizonte além da mansão. A noite caía, e o céu começava a se tingir de cores escuras.
O peso do momento parecia me puxar para baixo. Já havia se passado uma semana eu sabia que Frederic não me daria muito mais tempo. A guerra entre as máfias estava prestes a explodir, e eu era a peça chave nesse jogo.
Enquanto eu olhava para o céu escurecendo, uma ideia tomou forma.
Se eu voltasse para os Caccini, não seria apenas por vingança. Seria por algo maior — por meus filhos, por mim mesma. Eu precisava entender o que Lúcio sabia, como ele estava lidando com essa revelação, e, acima de tudo, precisava garantir que Seline e Max tivessem a chance de um futuro. Um futuro onde eles não fossem apenas peões em uma guerra de sangue.
Respirei fundo e virei-me para sair do quarto. Minhas mãos estavam trêmulas, mas minha mente começava a se estabilizar. Frederic havia plantado a semente da dúvida e da raiva em mim, mas eu não seria apenas uma marionete nas mãos dele.
Eu voltaria para Lúcio. Voltaria para os Caccini. Mas a partir de agora, tudo seria diferente. Eu controlaria esse jogo, e não eles.
As peças estavam no tabuleiro. Agora, restava a mim decidir como jogá-las.
Ao deixar o quarto, uma única certeza me guiava: o sangue da minha família corria nas minhas veias, e eu não seria destruída por nenhum dos lados.
•
Enquanto eu caminhava pelos corredores da mansão, a tensão em meu corpo parecia crescer a cada passo. O que eu estava prestes a fazer exigiria mais controle e frieza do que eu jamais havia precisado.
Eu iria me infiltrar entre os Caccini, mas com um propósito oculto — descobrir o quanto Lúcio sabia, e garantir que meus filhos estivessem seguros.
Quando cheguei à sala principal, os olhares dos homens de Frederic me seguiram, mas nenhum deles ousou dizer uma palavra.
Eles sabiam que eu estava no meio de uma escolha perigosa, e talvez até soubessem o que estava em jogo. Mas eles não eram meu problema agora. Lúcio era.
A porta se abriu à minha frente e a luz suave do entardecer iluminou a figura imponente de Frederic, de pé no centro do salão. Ele me encarou com aquele olhar intenso, como se estivesse esperando minha decisão.
— Então? — Sua voz cortou o silêncio. — Você tomou sua decisão?
Eu respirei fundo, sentindo o peso de cada palavra que sairia da minha boca.
— Eu vou voltar para os Caccini. — Disse, minha voz firme, embora meu coração estivesse acelerado. — Mas vou fazer isso do meu jeito.
Frederic ergueu uma sobrancelha, parecendo intrigado.
— E qual seria esse jeito?
— Não vou ser apenas um peão nessa guerra entre vocês. Meus filhos têm o sangue Caccini e Bernier, e o que quer que aconteça, vou garantir que eles estejam a salvo. Eles não serão usados como ferramentas de vingança.
Frederic me olhou por um longo momento, seus olhos avaliando cada nuance do que eu disse.
— Você é mais inteligente do que eu imaginava, Selene. Eu sabia que havia força em você, mas subestimei sua habilidade de ver o jogo completo. — Ele sorriu, aquele sorriso frio e calculista.
— Muito bem. Faça do seu jeito. Mas não se esqueça de uma coisa: a máfia Caccini matou seu pai.
Senti meu corpo enrijecer com aquelas palavras. Eu sabia que, no fundo, ele estava certo. Mas isso não significava que eu seria impiedosa ou que deixaria que essa vingança me definisse. Meu objetivo principal era proteger Seline e Max, e eu não deixaria ninguém interferir nisso — nem mesmo Frederic.
— Eu sei o que está em jogo. — Respondi, minha voz fria. — Mas não subestime o que sou capaz de fazer. Eu não sou sua peça, Frederic.
Ele riu baixinho, um som que me deixou arrepiada.
— Veremos, Selene. Veremos.
Sem mais palavras, virei-me e deixei a sala. Agora eu tinha uma missão, e o caminho à minha frente era perigoso.
Eu precisava me preparar para o que viria a seguir.
Lúcio ainda não sabia o que eu sabia.
E eu usaria isso a meu favor.
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Nas mãos do Mafioso
RomanceSelene Coppolo, uma jovem e talentosa dançarina de 21 anos, brilha sob as luzes da boate mais exclusiva de Florença. O que poucos sabem é que a boate é propriedade de Lúcio Caccini, o implacável capo da máfia italiana. Com 33 anos, Lúcio é um homem...