10- Uma Outra Mamãe?

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Essa foi a primeira vez que Marcela não quis levar Gizelly até o porto, mesmo o Aquário sendo tão perto. Não queria mais vê-la entrando no navio e saindo mar a fora. Lembrava de uma vez que ficou parada vendo a embarcação navegando até ficar tão pequena e sumir no horizonte.

No escritório, tudo ocorreu melhor que o esperado. Lena começaria no dia seguinte, então já estava preparando as funções que delegacia para ela ao mesmo tempo em que buscava indicações de babás.

- Qual o nome dela? - Marcela digitava um relatório enquanto falava com Mariana ao telefone, segurando-o na orelha com o ombro. - Danvers? Ela é estrangeira? Ela fala português? - Franziu as sobrancelhas. - Kara, né? Nome diferente. Tudo bem, se você já trabalhou com ela, me passa o número, vou entrar em contato.

Com um suspiro, encerrou a ligação com a melhor amiga assim que anotou o número em um bloquinho de notas ao lado do teclado. Verificou a hora e, ao notar que não era muito cedo, ligou para ela. Preferia assim do que mandar mensagem. Então marcou para quarta-feira a entrevista, no aquário mesmo. Caso ela passasse, a quinta+feira seria perfeita para auxiliá-la, pois precisava de pelo menos dois dias para deixar Lena a par do trabalho.

Esperava que ela gostasse de crianças. Seria difícil adapta-los com alguém diferente, Marcela ficava com o coração na mão. Mas prometeu a si mesma que manteria o máximo de suas funções de mãe ativa. Ainda queria ajudá-los com o banho, com o dever de casa, assistir desenhos e colocá-los para dormir. Mas também precisava de alguém para fazer tudo isso quando tudo que queria era sumir da face da terra ou simplesmente se esconder para pegar ar puro.

Quando Gizelly tinha sinal, elas conversavam como sempre. Ainda se lembrava de cada momento que passaram juntas sem brigar.

Então a terça chegou e, depois de deixar as crianças na escola, dirigiu para o aquário. Lena chegaria as oito para começarem a ajustar tudo que precisavam, por isso estacionou o carro na vaga mais perto e entrou, indo direto para o escritório. Cumprimentou Eli, que avisou que logo levaria uma badeja com suco e torradas, e entrou, a pedindo para Lena chegar quando entrasse, sem precisar bater na porta.

Ao entrar, Marcela percorreu os olhos pelo enorme espaço que chamava de sala. Por mas que fizesse de tudo para tentar transformar o local e deixá-lo o mais próximo de um lar, não conseguia. Não pertencia ali, trancafiada com a cara metida em pilhas e mais pilhas de papeis e um notebook aberto a tira colo.

Verificou as horas no relógio de pulso e percebeu que havia chegado mais cedo, faltavam quinze minutos para as oito. Então aproveitou para alinhar algumas pendências e enviar alguns e-mails para fornecedores de limpeza, coisa que logo passaria para Lena fazer.

Assim que ela entrou, sorriu. Diferente de seu macacãozinho de tecido fino cinza escuro, Lena vestia roupas sociais como na entrevista. Calça e blazes pretos e uma blusa de gola alta. Dessa vez os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto.

- Bom dia, dona Marcela - ela atravessou a sala e sorriu. - Posso me sentar?

- Claro, fica a vontade - Má correspondeu ao sorriso com outro. - E pelo amor de Deus, só Marcela.

- Certo. Eli disse que você iria me explicar as coisas pessoalmente, é isso?

- Sim. Primeiro vou te contar exatamente o motivo por ter te contratado, gosto de deixar tudo a pratos limpos.

Como Lena não respondeu, contou a ela sobre Gizelly, sobre seus filhos e sobre o cargo que ocupava no aquário, a quem pertencia e porque o havia assumido. A morena escutava com atenção, balançando a cabeça vez ou outra para mostrar que estava ouvindo.

- Então por isso estou contratando você, porque preciso de mais que uma mãozinha para levar isso aqui. Confesso que você foi a quarta pessoa, mas a única que parecia ter experiência o suficiente para lidar com isso.

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⏰ Última atualização: Sep 20 ⏰

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