Enquanto Eu Ficar

A Chave e o Giz

"Querido diário, não sei o que está acontecendo comigo, eu deveria perguntar ao meu reflexo no espelho do banheiro?. Estou vendo essas coisas estranhas, e minha mãe ficou louca com relação aos espelhos, acho que não tem nada a ver, mas mesmo assim, sinto uma péssima sensação... " - Paro por um segundo olho para a casa vazia e silenciosa, pensando nas próximas palavras - "...Eu não quero acabar numa camisa de força..." - Sinto as lágrimas chegando - " Que saudade de meus pais... e de Cloe. Só de pensar que nunca mais irei vê-la... queria ver a minha família junta pelo menos mais uma vez, feliz e... normal..." - Meus pensamentos são interrompidos quando ouço a voz de alguém na sala de visitas, na qual haviam dois espelhos, um de frente para o outro, um em cada parede, que eram paralelas, logo reconheci a voz: era a voz de Cloe.Largo o diário e a caneta na mesa da cozinha, e corro para a sala.
- Meri? Meri, eu estou aqui - a voz de Cloe dizia, calma e serena, mas ao mesmo tempo, com um tom de ansiedade, chegando na sala, Cloe estava nos espelhos, nos dois, o efeito causado pelos espelhos paralelos me dava dor de cabeça, até que Cloe me ofereceu a mão - Vem brincar comigo? - chorando, me dirigi ao espelho à minha direita, e o vidro se tornou como líquido, como uma gelatina, coloquei uma mão, e pude sentir a brisa suave do outro lado. Fechando os olhos, entrei de vez no espelho, quando abri novamente os msus olhos, eu estava em um local lindo, um parque, florido, o sol brilhava, com certeza eu não estava mais em Whistler. Ouvi risos, me virei e me deparei com Cloe, uma cópia minha, Lorenne e Richard. Meu pai corria atrás de mim com Cloe nos ombros, e minha mãe estava sentada em uma toalha de picnic, rindo da brincadeira.
- Como eu fiz isso? - os quatro personagens param e se viram para mim, como se me ouvissem e estivessem me vendo. E estavam. - Hã... eu... eu não sei o que está acontecendo. - dei passos para trás , assustada, e bati contra uma árvore. - Como saio daqui? - Um colibri pousa em meu ombro e sussurra
- Desenhe - oi? um colibri falando comigo? primeiro reflexos, agora aves? Olho para minha mão e vejo que tenho um giz e uma chave. - Desenhe a porta de saida. - me viro rapidamente para a árvore - começo a desenhar uma fechadura, em que a chave se encaixa perfeitamente, olho para trás e os personagens estão fixados em mim, tão confusos quanto eu, e Cloe vem em minha direção. Não resisto, e corro para abraçá-la. "Não me importo se for só uma ilusão". Me ajoelho e abraço a garota e ela seca minhas lágrimas
- Não chora não - ela diz, eu a solto e me levanto
- Eu te amo, irmãzinha. - Caminho novamente para a árvore, giro a chave, da árvore uma porta se forma, pego a chave e entro. Estou novamente na sala de visitas.