Enquanto Eu Ficar

Um breve adeus, um longo até logo.

Eu vestia o terno preto, estava em frente à um espelho, o espelho do quarto da America, olhei em volta, tudo se fora, tudo havia acabado. Eu não podia acreditar. É tudo um sonho. Precisa ser.

Eu não poderia deixar de acompanhar o enterro da America, desci as escadas vagarosamente, eu precisava me lembrar de tudo, eu precisava ter tudo aquilo guardado em minhas recordações. Eu nunca irei esquecê-la. Nunca.

Meus olhos marejam, não quero segurar as lágrimas. Quero me encolher em um canto e chorar até meu rosto ficar inchado.

O cemitério não era muito longe dalí, fui a pé, no caminho, comprei lírios. Ela adorava rosas e lírios.

Eu já estou falando como se ela estivesse morta? Estou falando dela no passado, eu não posso acreditar, eu tenho certeza de que estou sonhando. Continuo caminhando para o cemitério, entro e caminho entre os túmulos, o enterro já está acontecendo, uma multidão com roupas pretas se aglomera no local, eu não sei o que pensar.

* * *

As pessoas se vão aos poucos, os soluços somem, não ouço mais o choro das pessoas, estamos sozinhos, apenas eu e ela.

- Eu te amo – sussurro chorando, me aproximo do túmulo, colocando as flores lá, quase ouço sua voz sussurrando um "eu te amo", mas só posso estar louco.

"Você não está louco" a voz dela sussurra.

- America? – olho em volta chorando e passo as mãos no rosto – eu estou maluco. Estou oficialmente maluco.

"Eu nunca irei morrer, Ezio", a voz dela sussurra à minha cabeça, não penso duas vezes e corro do cemitério para a loja da minha avó, na parede com vários espelhos, de tamanhos e formatos diversos, no maior deles, vejo a garota ruiva com longas asas brancas e um vestido branco que arrasta no chão, ela sorri, o sorriso que eu amo ver.

- Eu te amo – ela diz, sorrindo, e eu volto a chorar, me aproximo do espelho e ela estende a mão para mim, faço o mesmo e minha mão atravessa o espelho, tocando a ponta dos seus dedos – Eu sempre estarei com você.

- Mas... eu te quero aqui. Eu te quero ao meu lado, Ame! – eu digo chorando.

- Eu irei voltar – ela diz com um sorriso. – Voltarei em breve , eu prometo.