Anjos Não Choram

Nova amiga

Passei muitos dias observando a Laynara, ela me tirava o foco legal, era na dela e eu gostava disso, passamos a nos sentar juntas todos os dias, já que parecia que éramos as únicas novatas da turma, fazíamos tudo praticamente juntas, ela morava a poucas quadras da minha casa, então passei a seguir um caminho diferente para acompanha-la, algo que até umas semana atrás eu jamais pensaria em fazer, mas sei lá, era tão bom estar com ela, a voz dela era tão doce, me trazia calma, era o tipo de pessoa que me fazia esquecer por um instante, todo o inferno que eu vivia diariamente. Quem não gostou nem um pouco dessa novidade foi a Fernanda, ela era muito ciumenta.

- Agora você só quer saber dessa fulana né? Nem liga mais pra mim.

- Para com isso mana, você tem um lugar especial no meu coração, um lugar que ninguém vai tirar de você.

- Você ta falando da boca pra fora.

- Juro que não.

Eu e Fernanda nos víamos pouco, eu estava fazendo curso a tarde, depois da escola e ela fazia dança, nos falávamos quando dava e nos víamos mais no fim de semana, mas por algum motivo idiota, ela achava q era tudo por causa da Laynara. Com o tempo, eu tentei me aproximar mais da minha irmã, além de ser uma maneira de convencer a minha mãe e ao babaca do meu pai, que assim chamaríamos menos atenção, eu pude voltar a ter minha melhor amiga-irmã de volta, não era mais como há cinco anos atrás, quando a gente não tinha preocupações e podia dormir tarde aos fim de semana assistindo tv e comendo besteira, mas já valia muito a pena. Eu Já saía mais, me socializava mais, ainda não queria ter mais amigos, isso era complicado, mas já era alguma coisa.

- Quer ir na minha casa sábado? - Laynara sussurra no meio da aula de geografia.

- Pra quê?

- Pra jogar conversa fora, ver um filme, comer pipoca, que tal?

- Pode ser, vou ver. - Falei lembrando que tinha marcado de ir ao shopping com a Nanda.

- Algum problema Lara? - Ela pergunta simplesmente sem nem me olhar.

- Não, por quê?

- Você sempre inventa uma desculpa pra não ir na minha casa, se for alguma coisa comigo pode falar ta, eu não ligo.

- Não é nada com você, imagina, ta tudo bem.

- Tem certeza? - Me encara.

- Posso levar uma amiga? - Pergunto um pouco sem graça.

- Sua namorada?

- Minha o quê? - Me assustei.

- Namorada!

- De onde você tirou isso? Eu não tenho uma namorada.

- Jura? Pensei que tivesse, você é meio... Sei lá, achei que só estava com vergonha de me contar. - Ela sorri de canto, o que me deixa ligeiramente vermelha.

- Se com "sei lá" você quis dizer lésbica, desculpa te decepcionar, não sei de onde você tirou essa idéia, mas não, tá bom? Eu não sou.

- Então relaxa, desculpa por isso, mas se você fosse, eu ia achar bem legal, de verdade, bem legal mesmo, eu sempre quis ser amiga de uma lésbica.

Eu a olhei com um pouco de espanto, então começamos a rir.

Expliquei pra ela que eu tinha uma amiga-irmã muito ciumenta e que não tinha muito tempo para ela, por isso evitava de estar com a Laynara nos fins de semana, ela até que entendeu e fez questão de conhecer a Nanda.

No telefone:

- Mana, posso ir na sua casa hoje?

- Claro que pode, nem precisava ligar.