Recaída

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"Eu conheço sim a Pink e gosto muito das músicas dela, ela arrasa sempre,  conheço essa em particular, por coincidência, ela tem muito significado pra mim, já vi a tradução da letra diversas vezes, agradeço por você pensar em mim ao ouvi-la, isso me faz pensar que eu tenha sido importante pra você. Também estou com saudade, se é que isso importa, e eu quis responder essa mensagem para que você soubesse disso. E mais uma vez, obrigada por tudo."

Me senti na obrigação de responder a mensagem dela, eu estava com saudade e isso era o mais próximo que eu conseguia para mata-la um pouco.

Eu dei uma arrumada rápida no meu quarto e me arrumei logo em seguida, não sabia se a minha mãe iria implicar por eu ir almoçar com a minha madrinha, então resolvi descer e falar com ela.

- Mãe?

- Oi.

- A minha madrinha me ligou e... Eu vou almoçar com ela tá?

- Não, mas é claro que você não vai. - Diz me dando as costas.

- Mas por que não? - Pergunto curiosa.

- Ela vai ver seu braço assim Lara, aí vai querer vir aqui, me encher de perguntas e eu não quero mais problemas para o meu lado. - Me encara.

- Não se preocupe com isso, já menti a respeito uma vez, posso fazer o mesmo. - Falo pegando minhas chaves.

- Não interessa se você já mentiu pra ela uma ou duas vezes Lara, eu quero evitar confusão, só isso. - Se altera levemente.

- Mãe, por favor, você não vai ter problemas, eu juro, eu dou um jeito, digo que você não sabia, sei lá, eu já fiz isso antes.

- Ela não vai acreditar. - Diz balançando a cabeça negativamente.

- Mãe, vai ficar tudo bem tá bom? Não vou te colocar em encrenca, juro. - Falei dando as costas e ignorando qualquer coisa que ela estivesse dizendo.

Fui andando de cabeça baixa e acabei errando o caminho, haviam dias que eu não saia de casa durante o dia, quando dei por mim, estava na rua que a Laynara mora, encarei o portão da casa dela e senti meus olhos marejados, apesar do pouco tempo de convivência, ela mudou a minha vida e tudo o que eu passei com ela, vou guardar pra sempre, alguns segundos depois, engoli à seco e voltei a andar. Mil coisas se passaram na minha cabeça, eu sentia muita falta dela e da Nanda, falta das nossas conversas, das brincadeiras, parecia que tinha se passado uma eternidade desde que nos afastamos, mas era necessário aprender a conviver com essa distância, para o bem delas, eu queria não me importar tanto, não sentir tanto, mas era inevitável.

Eu cheguei no portão da minha madrinha e peguei meu celular para ver a hora, eram 10:24 da manhã ainda, acho que me precipitei, pensei, também o medo da minha mãe não me deixar vir, não me deixou pensar direito, eu apenas informei e sai, ou ela ia acabar me convênio que seria uma má idéia, apesar de cedo para um almoço, ainda assim toquei a campainha, já estava lá mesmo, alguns minutos depois, ela abriu o portão, me puxou para dentro e me envolveu em um abraço bem forte.

- Bom dia Dinda. - Digo sendo esmagada por ela.

- Bom dia meu amor, eu estava com tanta saudade de você. - Ela diz animada.

- Eu também estava.

- Nossa Lara, o que houve com seu braço? - Ela diz analisando os ferimentos nos meus braços.

- Nada com o que a senhora deva se preocupar, eu estou bem. - Cruzo os braços.

- Você fez isso? - Pergunta cuidadosa.

- Humrum. - Assenti com a cabeça.

- Eu andei pesquisando sobre automutilação, isso me preocupou muito, você precisa de ajuda. - Segura minha mão.

Anjos Não ChoramWhere stories live. Discover now