Desci depois de um tempo, meu pai estava almoçando na sala vendo televisão e minha mãe na cozinha.
- Achei que você não ia vim comer de novo. - Ela diz sorrindo.
- Eu estava falando com a Nanda no telefone.
- E como ela está? - Pergunta parecendo realmente interessada.
- Bem.
- Você vai ter que evitar de ir na casa dela por um tempo, sabe disso né? - Já fica mais séria.
- Eu sei. - Fico olhando minha mãe e imaginando o que se passa na cabeça dela.
- Tem falado com a Heloísa?
- Han... Falei com ela na quinta, eu dormi lá lembra?
- Verdade, o dia em que você me deixou um bilhete. - A expressão dela muda completamente. - Você não pode contar nada pra ela Lara.
- Eu sei mãe, estou evitando o máximo ter contato com a minha madrinha, agora então. - Disse chateada.
- Eu não sei de verdade o que se passa na sua cabeça sabia? - Falou com um sorriso leve.
- E você não vai mesmo querer saber. - Disse confusa.
- Sinto falta das nossas conversas. - Ela me olha rapidamente.
- Quando foi que passamos a ser duas estranhas em? - Pergunto sentindo um peso na voz.
- Eu não sei Lara. - Ela me encara.
- Não mesmo? - Disse levantando uma das minhas sobrancelhas.
- Não começa, tava tão bom do jeito que tava. - Ela fica séria.
- Nada mais é do jeito que era mãe, nada e isso já faz muito tempo.
Ela ficou me olhando um tempo enquanto eu comia, não levantei a cabeça, mas sabia que ela me observava e isso já estava levando tempo de mais, um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente enquanto ela terminava a louça e eu almoçava.
Depois de um tempo, meu pai apareceu na cozinha quebrando o silêncio impiedoso que nos rondava.
- Finalmente tô vendo você comer.
- Que diferença faz? - Pergunto sem olhar para ele, já estava cansada de ficar calada.
- Nenhuma pra mim, não sou eu quem vou ficar doente. - Ele diz rindo.
- Então, tanto faz seu comentário pra mim.
Ele me deu um soco sem que eu esperasse, que me fez cair da cadeira, acertou bem o canto da minha boca, que começou a sangrar logo em seguida, senti vontade de chorar, mas me recusei, era só mais uma cicatriz pra coleção, me levantei limpando o sangue que brotava no meu lábio, sem olhar para ele em nenhum momento, olhei a sujeira que havia ficado na bancada por causa da colher que virou com a comida e comecei limpar com as mãos mesmo, antes que ele me mandasse fazer.
- Você não aprende né? - Fala me encarando de perto.
- E tem alguma coisa pra aprender? - Falo ainda sem olhar pra ele.
- Cala a merda dessa boca e some da minha frente antes que eu te arrebente Lara. - Disse trincando os dentes e chegando o mais perto possível do meu rosto.
- De novo né? - Falo já me afastando.
- Some daqui. - Ele gritou e eu pude ver o ódio em seu olhar, reparei que o faqueiro estava ao alcance de suas mãos, então resolvi voltar para o meu quarto sem responder mais nada, antes que... Sei lá, vai que o sonho da Nanda tenha sido uma premonição? Eu acredito nessas coisas.
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Anjos Não Choram
Teen FictionLara é uma adolescente de 16 anos, que como todos os outros, só quer crescer, mas o destino lhe impõe surpresas desagradáveis e inesperadas. Sozinha e com medo, Lara passa a se deparar com questões novas e confusas. Obrigada a crescer de uma hora pa...