Ressurgente

CAPITULO 17 - Tobias

Saio da sala de Amar e vou em direção ao elevador. Aperto o botão, mas não vejo nenhum sinal.

__ Ta ruim, você vai ter que ir de escada! – grita Amar, da porta de sua sala.

__ Ah, e onde é a entrada da escada? – pergunto.

__ Nessa porta vermelha.

__ Ok.

Entro e fecho a porta atrás de mim, desço  três lances de escada e chego até o salão principal. O lugar está movimentado, como sempre. Olho além das grandes vidraças e vejo um grupo de soldados treinando no jardim, penso em ir até lá, mas logo desisto da idéia. Sinto fome, faz uns dois dias que não como direito, ando muito ocupado com muitos problemas para resolver. Decido ir até a cantina comer algo.

Confiro o relógio e são 11:30, o lugar não está muito cheio, porque todos estão ocupados em suas respectivas tarefas, a cantina só começa a encher 12:00 que é a hora do almoço.

Olho para o grande carrinho de ferro onde estão os alimentos e observo por alguns segundos, indeciso sobre o que irei comer.
Enquanto admirava toda aquela comida, sinto uma mão em meu ombro e rapidamente olho para trás. Tenente Thomaz.

__ Indeciso? – diz ele.

__ Ah, é, sim, um pouco. – respondo.

__ Hm... Está vendo esse bolinho aqui? É parecido com o que comiam na Audácia. – diz ele.

__ Oh, é?

__ De aspecto pode até não parecer tanto assim, mas o gosto é o mesmo.

__ Como sabe disso?
– pergunto, confuso.

__ São os mesmos que mandavamos vamos para dentro da Audácia, pode confiar.
– responde ele.

Observo o bolinho por mais alguns segundos e então decido pegá-los.

__ Acho que é bom relembrar os velhos tempos, não? – digo, pegando 4 bolinhos em minha bandeja.

__ Fiquei esperando por você no QG, mas você não apareceu, o que houve? O General Gaspar não deixou que ficasse conosco? – pergunta ele.

__ Não, muito pelo contrário, ele adorou a idéia, não fui até o QG, porque tinha alguns assuntos para tratar, não gosto de deixar pontas soltas. – respondo.

__ Ah, sim, está certo. Mas assim que tiver um tempo, aparece lá.

__ Claro!

__ É sempre bom ter um “iniciando". – diz ele, fazendo aspas no ar.

__ Um iniciando? Mas o General Gaspar disse que não me quer como um iniciando.

__ Oh, e como ele quer que fique?

__ Ele disse que me quer como instrutor dos iniciandos, assim como na Audácia.

__ Mas como assim? Todos começaram do baixo e presumo que não seja diferente com você.

__ Se está tão incomodado, vai reclamar com seu superior, que por acaso é o General Gaspar. – digo, dando ênfase na frase: “seu superior."

__ Não estou incomodado, de maneira alguma, só estou dizendo que... – um menino chega e o interrompe, pondo a mão em seu ombro. O menino é bem branco, tem cabelo ruivo, olhos verdes, é alto, meio magricela. Está vestindo uma regata branca, uma calça camuflada e botas pretas, coturno.

__ Tenente, o General Gaspar atenta por nossa presença na margem, parece que uma suposta manifestação causando perturbações por lá. – diz o menino.