bonus -Helena

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HAMES

Um mês que não consigo acha-lá... Deveríamos estar casando...

Me arrumo olhando pela última vez no espelho, a roupa impecável não me deixa desistir da ideia de espera-la no altar. Eu sei que pareço alguém masoquista, visto que não a encontramos e não deixei de cancelar a igreja.

Saio de casa por voltar das 19 horas, estaciono o carro e sigo em direção ao meu psedo casamento. Assim que atravesso a grande porta vejo pouco pessoas rezando e falando com Deus. Meus pés me levam ao altar e pergunto por João ao coroinha. A parte de dentro me faz lembrar do dia que visitei -quando tínhamos ainda 6 meses de namoro - o local para me informar de algo que já passava em minha mente.

- Hames? - observo meu primo se aproximar com o cenho franzido - O que fazes aqui?

-Não é obvio? - pergunto e me sento em uma das cadeiras da grande mesa.

-Eu não acredito nisso, Hames - fala com pesar - Você sabe que não cheguei a marcar a data...

-Eu não sei o motivo - o repreendo - Te liguei e pedi uma coisa tão simples, porque não fez?

-Primo... - senta a minha frente e noto seu rosto entristecido - Eu sei que não é fácil aceitar isso, mas Deus sabe o que faz.

-Deus? - rio sarcasticamente - Onde Deus estava quando a levaram de mim? O que Deus tem de bom?

-Não seja injusto... Você sabe que ele não é responsável pelas atrocidades do mundo - respira fundo antes de completar - Vá para casa, primo. Não deixe que essa loucura de ficar aqui na igreja corroer você.

-Eu tinha tanta certeza que ela teria voltado com um mês... - fecho os olhos e quase posso perceber as lágrimas caindo.

-Como estão as investigações ?

-Sinceramente? - me levanto e começo a andar pela sala - Não sabemos de nada... já invadimos dois cativeiros e não encontramos nada. Prendemos dois policias que estavam envolvidos, mas eles não falam de jeito nenhum. Não sei o que fazer...

-Eu sei que vocês vão encontra-la - sinto sua mão em meu ombro - Deus vai te ajudar.

-Eu a amo - falo baixo - Assim que a encontrei sabia que estávamos destinado a fazer todos os seus dias felizes - começo a chorar sem conseguir controlar a dor em meu coração.

-Extravase tudo.. - ele toca em meu ombro me afastando - Tire essa roupa.. Vá tomar banho e tente achar alguma brecha que todas essas supostas pistas.

Assinto com a cabeça e saio tirando as lágrimas de meus olhos, como um homem com essa idade pode se permitir chorar? Já sofri muito nessa vida e com certeza não preciso de mais.

Passo pela igreja de cabeça baixa, não quero que ninguém saiba o estado em que me encontro.

-Hames - ouço uma voz conhecida atras de mim - Hames...

Me viro e vejo Helena sorrindo para mim, nem me lembro da última vez que a tenha visto.

-Helena - tento sorri sem muito esforço; não notando ou parecendo não se importar ela me abraça apertado.

-Como senti saudade - beija meu rosto e se afasta - O que faz aqui? Virou padre igual nosso primo? - ri baixinho mexendo no cabelo.

-Ainda continuo na polícia - falo querendo sair o mais rápido possível - Acho que vou indo.

-Posso te acompanhar? Nem lembro última vez que nos vimos... Você sumiu... - não agora, estou muito destruído para ser companhia de alguém.

-Não estou muito bem, Helena... - passo as mãos no cabelo querendo sair o mais rápido dali.

-Não sei o que anda acontecendo, sua família está toda estranha...

-Não aconteceu nada...

-Eu descobri que está noivo, que coisa boa Hames - fala contente e fecho a cara mais ainda. Já vi que não irei conseguir me livrar de um interrogatório.

-Vou te contar tudo, vamos - olho para trás vendo o altar em que deveria estar parado. Fernanda com certeza seria a noiva mais bonita que o mundo já viu.

A noite passa rápido e acabo contando tudo que aconteceu, Helena sempre mostra me apoiar e oferecer ajuda. Quando dá 2 horas da manhã decido voltar para casa e a deixo no barzinho visto que queria se divertir mais um pouco. Até que a noite não foi ruim, foi a primeiro vez que consegui me distrair depois do episódio.

Quando me deito na cama ainda consigo sentir o perfume dela, o toque... seu cheiro. O amor que sinto é algo fora do normal, é como se tivéssemos nascido para permanecer juntos.

***

Um semanas depois...

Descobri que Helena saiu do interior e veio morar sozinha na capital. Minha mãe me ligou um pouco receosa dizendo que meus tios estavam muito preocupados com a nova vida de sua filha, no mesmo dia chamei-a para vir morar comigo, pelo menos por algum tempo.

Depois de tomar meu banho e reler todo o dossiê de uma pista nova que encontramos, saio do quarto e encontro Helena apenas de short e biquíni conversando com alguém sentada no sofá. Ando em direção a cozinha e bebo água encostado no balcão a observando, desde quando ela cresceu tanto?

-Já jantou? - ela pergunta se levantando e caminhando em minha direção - Estava pensando de sairmos para comer uma pizza.

-Não sei, estou cansando... - lavo o copo e ando em direção a sala me sentando no sofá.

-Meu Deus Hames, até quando vai ficar assim? Você acha que Fernanda ficaria contente em saber que passou todos esses dias arruinado em cima de um sofá?

-Ela ficaria contente em saber que estou tentando encontra-la...

-E você está - me corta um pouco sobressaltada - Vamos sair um pouco.. não custa nada.

A noite passa agradável e me sinto muito bem em sua presença. Desde criança Helena sempre trouxe alegria para nossa família, não consigo descrever o dia que a vi pela primeira vez.

-Pensando em que? Ou em quem? - ri enquanto bebe um pouco seu refrigerante.

-Lembrando do dia em que ti vi pela primeira vez... - ela se engasga e bota o copo de volta na mesa.

-Jura? Eu deveria ser igual a um et... - como outro pedaço da minha pizza.

-Era um et bonitinho... - falo de boca cheia e ela bate em meu ombro.

Acordo no meio da noite e escuto vozes. A luz da cozinha está ligada e observo Helena andar de um lado para outro enquanto fala no celular,parece nervosa...

-Eu já sei Tobe... - puxa o cabelo com a mão livre - Estou fazendo tudo como pediram... Sim, eu sei... Eu sei... para de me ligar. - desliga jogando o celular com força no balcão.

Não entendi muito bem a conversa, mas não gostei nada do que ouvi. Quem era Tobe?

-Hames? - se assusta quando me encontra - A... a quanto tempo está ai? - vejo seus olhos correrem por meu rosto a procura de alguma resposta. Meus instintos gritam que devo prestar atenção no que escutei.

-Nada, acabei de chegar - desconverso e ando abrindo a geladeira - Estava falando algo em relação a mim?

-Claro que não... era que...que.. deixa - se despede e deixa a cozinha.

Tobe....

08.10.15


24 horasWhere stories live. Discover now