Leilão

11.5K 810 189
                                    

Observo o sangue manchar a roupa do homem a minha frente, seus olhos azuis ficam opacos enquanto anda para trás com a mão na barriga. Desvio minha atenção para Mazu que parece não acreditar no que vê, sua boca abre e depois fecha sem conseguir emitir nenhum som.

-Você atirou... - olha para James que encosta na parede atordoado - Eu não acredito... - sorri caminhando em minha direção - Você é tão burra, tão burra...

-Fernanda... - James mantém seus olhos fixos em mim, meu coração dispara quando observo o sangue pingar no chão - Chame alguém...

-Me dê essa arma - Mazu aproxima enquanto me distancio - Acabe logo com a vida dele...

Suas mãos tentam me segurar com agilidade, desvio assistindo um homem chegar no quarto com a arma apontada para mim, ele olha para James e depois para Mazu.

-O que você está esperando para ajuda-lo? - grita para o Mazu apontando para James - Eu vou cuidar dessa daqui... - ficamos cara a cara, estico minhas mãos o ameaçando com minha arma - Eu sabia que não ira dar certo, eu mandei te matarem.

Escuto um forte baque e vejo o homem a minha frente cair, Mazu o derruba pegando a arma e apontando para James. Aponto minha arma para sua cabeça, ficamos nesse impasse sem ninguém fazer nada, na verdade não sei nem o que estou fazendo aqui. De repente, a porta abre me assustando, atiro na mesma hora que o homem que entra, olho para frente e vejo Mazu caído no chão, será que serei culpada de mais uma morte?

O homem na porta olha para mim assustado depois observa a cena, Mazu está caído no chão com um tiro nas costas, eu não o acertei com meu tiro.

-Marie - o homem grita quando chegam mais 3 homens - Chamem a Lívia.

Olho para a cena com as pernas tremulas, me ajoelho no chão vendo tudo embaçado, tento escutar a voz dele sem qualquer tipo de sucesso, por que está tão calado? Quando o olho vejo seu corpo estendido no chão... Acho que já é tarde demais.

Tapo a boca com a mão contendo o choro que nasce sem permissão, meus olhos estão inchados fazendo com que mal consiga ver o que acontece. Sou puxada para fora da sala com força, minhas pernas nao conseguem me acompanhar fazendo com que eu seja praticamente arrastada. Sou jogada em um buraco qualquer que mal consigo me deitar, me sento encolhida segurando as lágrimas que caem a todo tempo, e eu nem sei o motivo delas.

Deito sobre meus joelhos acordando com barulho vindo atrás da porta, escuto a voz chorosa de Marie  enquanto Theodora tenta lhe dizer algo.

-Tudo culpa daquela vagabunda - esbraveja - James está ferido e Mazu morreu.

-Acalme-se... - Theodora fala - Ficar assim não vai resolver nada. Anda lá para cima e ajude Lívia com o que precisar.

-Eu vou mata-la - grita - Eu vou mata-la.

Me encolho ainda mais com medo do que possa acontecer, meu subconsciente grita que minha hora chegou. Afasto as lágrimas que caem em meus olhos rezando baixinho para que me esqueçam, prefiro morrer de fome do que na mão de alguns dos homens de James.

James.

Eu atirei... Nunca matei ninguém, mas o matei. Ele não vai sobreviver, seu corpo estendido no chão me deu certeza dessa fato: a morte chegou.

As lágrimas que voltam a cair não são de medo da minha morte, mas da dele. Não consigo entender a dor que meu coração sente, será que posso sofrer pelo homem que me sequestrou? Será que estou sentindo algo que não seja ódio? Será que o matei?

Abafo o grito que quase sai com minhas mãos, meu corpo trêmula até cair em um sono profundo. Adoro dormir, não lembro que estou aqui.

-Anda... Anda... Anda... - o homem que já conheço, que entrou na sala para salvar James, está me arrastando pelos braços para outro canto, minhas costas doem assim como minhas pernas, fiquei muito tempo na mesma posição - Aqui...

24 horasOù les histoires vivent. Découvrez maintenant